Paciência de general Mourão disfarça o seu incômodo
Cada vez mais afastado de Bolsonaro por birra dele, o vice-presidente virou uma peça decorativa do governo
atualizado
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Você viu por aí o general Hamilton Mourão, vice-presidente da República? Ele é sempre visto por aí, e não se nega a comentar as notícias do dia. Onde Mourão não é visto é na companhia do presidente Jair Bolsonaro, que prefere mantê-lo longe.
Bolsonaro voou ao norte da Amazônia para a inauguração de uma ponte de madeira construída pelo Exército. Levou com ele o ministro da Defesa, um general, o comandante do Exército, outro, e quem mais convocou a acompanhá-lo. Mourão ficou de fora.
Embora gaúcho de nascimento, o general Mourão tem fortes ligações com a Amazônia, onde serviu durante muitos anos. Diz ter ascendência indígena. De fato, parece índio, e se orgulha da paciência de índio que aprendeu a cultivar.
Só por isso, e também pelo cargo que ocupa, ainda não rompeu relações com Bolsonaro. Perdeu a confiança nele, se é que confiou um dia. E a recíproca é verdadeira. Apenas se toleram nas cerimônias oficiais que são obrigados a comparecer juntos.
Reuniões para tratar de assuntos importantes do governo? Mourão não é mais convidado. Discutir problemas que afetam o meio ambiente? Embora formalmente responda pelo Conselho Nacional da Amazônia, Mourão não é chamado para discutir.
Foi destratado recentemente por Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, suspeito de envolvimento com contrabando internacional de madeira. Salles deveria ter-se reunido com Mourão, esta semana. Nem foi e nem mandou representante.
Michel Temer, à época vice da presidente Dilma Rousseff, queixava-se de não passar de uma peça decorativa do governo. Mourão não se queixa, mas é o que ele é.