metropoles.com

Pablo Marçal, você perdeu!

Um caso de polícia, não de política

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Metrópoles
Bolsonaro Candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal
1 de 1 Bolsonaro Candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal - Foto: Metrópoles

“O senhor Getúlio Vargas não deve ser candidato a presidente, se for candidato não deve ser eleito, se for eleito, não deve tomar posse, se tomar posse não pode governar” – disse o jornalista Carlos Lacerda no seu jornal Tribuna da Imprensa, em 1950.

Vargas governou o país como ditador entre 1930 e 1945, quando foi derrubado pelos militares. Em 1950, elegeu-se presidente pelo voto popular. Tomou posse. E governou até 1954. Suicidou-se com um tiro no peito para não ser deposto outra vez.

Lacerda foi deputado federal e depois governador da Guanabara. Apoiou o golpe militar de 1964, sonhando em ser candidato a presidente no ano seguinte. Como foi barrado, rompeu com a ditadura. Cassado e preso em 1968, morreu em 1987.

Nunca como hoje se fala tanto em democracia no Brasil. Mas falar só não basta. Muitos sequer sabem do que se trata. A história do país é apenas permeada de curtos períodos democráticos. O mais longo até aqui ainda está por completar 40 anos em 2025.

No século XIX, durante a Guerra de Secessão nos Estados Unidos em que populações do Norte e do Sul se matavam, houve eleição presidencial, e o então presidente republicano Abraham Lincoln se candidatou a mais um mandato e o obteve.

Em meados do século XX, em plena Segunda Guerra Mundial, Franklin Delano Roosevelt candidatou-se à reeleição e ganhou. Ninguém falou em adiar as eleições devido a conjunturas adversas. Eleições são eventos banais em democracias consolidadas.

As de hoje, para prefeito e vereador, seriam um episódio banal se pudéssemos bater no peito e dizer que a democracia no Brasil se consolidou de fato. Mas como dizer, se em 8 de janeiro de 2023, um dia desses, assistimos a uma tentativa de golpe?

É preciso ampliar a legião dos que defendem a democracia, e há meios e modos para fazer isso. É preciso punir com mais rapidez os que a ameaçam – sem contemplação, sem anistia. Por tibieza ou conveniência, não podemos nos arriscar a perdê-la.

Um dos pilares da democracia, a alternância no poder, pressupõe a realização de eleições limpas. Porém, a menos de 48 horas das eleições para prefeito de São Paulo, e para influir criminosamente nos resultados, um dos candidatos violou tal princípio.

O senhor Pablo Marçal deveria ter sido impedido de se candidatar a prefeito, se fosse candidato não deveria ser eleito, se eleito, não deveria ser empossado, e se fosse empossado, não deveria governar. O impeachment é um recurso previsto na Constituição.

Suspeito de ligações com o crime organizado, capaz de humilhar deficientes físicos, tomador de dinheiro alheio para aumentar sua fortuna pessoal, ele forjou documentos para alavancar sua candidatura e derrubar a de Guilherme Boulos (PSOL).

Em tese, o eleitor de Boulos não vota em Marçal. Mas o que ele pretendia era conquistar votos indecisos e enfraquecer Ricardo Nunes (MDB), que com ele divide o apoio da extrema-direita. Um voto a mais pode fazer a diferença em uma eleição acirrada.

Se Vargas matou-se com um tiro no peito, Marçal, com a farsa nojenta, pode ter dado um tiro na própria cabeça. Há indicações de que seu crescimento estancou, e de que poderá perder uma fatia do voto bolsonarista que era seu. A ver, a ver no final desta tarde.

A Justiça é lenta e finge que é cega. Desta vez, não poderá ser lenta e está obrigada a ver o que todos vemos, governos e oposição.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comBlog do Noblat

Você quer ficar por dentro da coluna Blog do Noblat e receber notificações em tempo real?