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Os dias já foram piores, mas ainda estão assim. Até quando?

Lula foi eleito, mas precisa consolidar sua vitória

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Imagem colorida mostra Luiz Inácio Lula da Silva, presidente eleito, em pé em um palco. Ele usa terno e segura um microfone - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra Luiz Inácio Lula da Silva, presidente eleito, em pé em um palco. Ele usa terno e segura um microfone - Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

“O governo não pode ser só do Partido dos Trabalhadores, temos que ter governo com mais gente da sociedade, com mais gente de outros partidos, com mais gente que não tem nenhum partido”, disse Lula a uma plateia de apoiadores em auditório no Instituto Universitário de Lisboa, na semana passada.

“Pertence à história do nosso país. A bandeira é nossa, a bandeira é de todos”, disse Lula ao comemorar no sábado (19) o Dia da Bandeira. “Sabemos que temos que ter responsabilidade. Não gastar mais do que ganha. Mas eu também sei que temos que cuidar do povo mais pobre”, havia dito Lula em dias anteriores.

E em mais um aceno aos brasileiros que lhe negaram o voto para que se elegesse, afirmou: “Não queremos perseguição, violência, queremos um país em paz. Queremos muito pouco, apenas o que é essencial, o que está na Bíblia, na nossa Constituição, na declaração universal dos direitos humanos”.

Em meio às falas pacificadoras do presidente eleito, o general da reserva Braga Netto, candidato a vice na chapa derrotada de Bolsonaro, deixou em polvorosa os bolsonaristas mais fanáticos que não se conformam com o resultado das eleições. Na sexta-feira (18), à saída do Palácio do Alvorado, ele ouviu de uma mulher:

“A gente está na chuva, no sufoco”.

E respondeu:

“Eu sei, senhora. Tem que dar um tempo, está bom? Vocês não percam a fé, é só o que eu posso falar para vocês agora”.

Não percam a fé em quê? Por que é só isso o que ele pode dizer agora? Em mensagem de áudio enviada a amigos, o ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União, peça importante no processo que culminou com a cassação do mandato da presidente Dilma, deu voz ao que corre nas franjas do meio militar:

“Está acontecendo um movimento muito forte nas casernas. É questão de horas, dias, uma semana. Vamos perder alguma coisa, mas o futuro da nação pode se desencadear de forma positiva, apesar deste conflito que deveremos ter nos próximos dias”.

Fato ou fake? Algo se trama para tentar impedir a posse de Lula ou tudo não passa de boatos devidamente espalhados para manter os bolsonaristas em pé de guerra, e o futuro governo sob pressão? A Polícia Rodoviária Federal informa num dia que os bloqueios às estradas diminuíram, e, no outro, que voltaram a aumentar.

Em vídeo, o general André Luiz Ribeiro Campos Allão, comandante da 10ª Região Militar do Exército, em Fortaleza, explicou à tropa as providências que tomou em favor dos manifestantes que se mantêm à frente do quartel com reivindicações golpistas:

“Toda manifestação ordeira e pacífica ela é justa, não interessa o que ela pede. Ela é justa”.

O general está rigorosamente em linha com o pronunciamento recente dos Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, que com palavras parecidas disseram a mesma coisa. Campos Allão ainda acrescentou num rasgo de filosofia barata:

“O mal vai ser vencido com o bem, o mal não é vencido com o mal. Assim tenho atuado”.

Caso não se arrependa do que anunciou nas redes sociais, o ex-mensaleiro do PT, Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido que no momento abriga Bolsonaro, pedirá amanhã ao Tribunal Superior Eleitoral que votos depositados em urnas antigas no segundo turno das recentes eleições sejam desconsiderados.

Costa Neto, segundo ele mesmo, não defende a realização de uma nova eleição, nada disso. O que pretende é que com a anulação dos votos depositados em urnas antigas reverta-se a vitória de Lula. Apenas isso. Tem provas de irregularidades? Nenhuma. Mas, e daí? Não custa pedir para acirrar os ânimos dos baderneiros.

Os dias já foram piores, mas ainda estão assim. Até quando?

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