Operação contra ministro do Meio Ambiente tem dedo americano
Autoridades dos EUA barraram a entrada de madeira contrabandeada do Brasil e assim deflagraram a operação policial que atingiu Salles
atualizado
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Qual ministro do governo Bolsonaro poderá bater no peito com orgulho e proclamar que foi alvo de uma operação da Polícia Federal deflagrada com a ajuda de autoridades norte-americanas?
Não é para qualquer um, mas o ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, poderá dizer. Essas coisas têm lá os seus aborrecimentos, mas nada que lhe custe o emprego.
Bolsonaro gosta dele. Bolsonaro gosta de todos que obedecem às suas ordens. E é somente isso o que faz Salles. Uma vez que captou o que o presidente quer, adianta-se a todos os seus desejos.
Salles está entre os investigados pela Polícia Federal por envolvimento num “grave esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais” para os Estados Unidos e outros países.
Nunca antes na história um ministro do Meio Ambiente brasileiro foi investigado por supostas violações à natureza. Endereços de Salles em Brasília e São Paulo foram vasculhados pela polícia.
Quem autorizou foi o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, uma vez que Salles, por ser ministro de Estado, tem direito a foro privilegiado.
Moraes mandou quebrar o sigilo bancário e fiscal de Salles e de outros investigados, e suspendeu uma portaria dele que permitia a exportação de produtos florestais sem a emissão de autorizações.
No despacho de Moraes, consta:
A situação que se apresenta é de grave esquema criminoso de caráter transnacional. A empreitada criminosa não apenas realiza o patrocínio do interesse privado de madeireiros e exportadores em prejuízo do interesse público, mas cria sérios obstáculos à ação fiscalizatória do poder público no trato das questões ambientais com inegáveis prejuízos a toda a sociedade.
As investigações da Polícia começaram em janeiro último, quando autoridades norte-americanas recusaram a entrada de madeira no país com base nas regras de exportação criadas por Salles.
É comum que ministro do Supremo ouça a Procuradoria-Geral da República antes de autorizar uma operação policial contra um ministro de Estado. Moraes não ouviu. E por quê?
Porque temeu que Augusto Aras, o Procurador-Geral da República, vazasse a informação para Salles e Bolsonaro. Aras está de olho em uma vaga de ministro do Supremo. Sabe como é…
Sem amparo em fatos, o presidente diz e repete que não há e nunca houve corrupção no seu governo. E que por isso ele pôs fim à Operação Lava-Jato. Está aí Salles para desmenti-lo.