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Onde a Covid matou mais, Bolsonaro derrotou Lula com folga

A história costuma ser implacável com os que fazem o mal ao invés do bem

atualizado

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PSol quer impedir Bolsonaro de incentivar uso de remédios sem eficácia contra Covid-19
1 de 1 PSol quer impedir Bolsonaro de incentivar uso de remédios sem eficácia contra Covid-19 - Foto: Divulgação

A pandemia subtraiu votos a Bolsonaro que deu passe livre ao vírus para matar os “que tivessem de morrer”, mas não o suficiente a ponto de torná-lo execrado por sua ignorância e desumanidade, responsável em parte pela morte de mais de 650 mil pessoas.

Levantamento do Valor Data mostra que se a eleição tivesse se limitado aos 194 municípios com mortalidade por Covid acima da média, Bolsonaro estaria reeleito no primeiro turno. Onde o vírus matou mais, ele alcançou 66% dos votos, e Lula, 44%.

Nos 20 municípios que encabeçam a lista dos 194, Bolsonaro ganhou em 15 e Lula em  5. A maioria dos 20 está em São Paulo (7) e no Paraná (4). Os demais em Mato Grosso (2), Alagoas (2), Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás, Espírito Santo e Rondônia.

O número de mortos por 100 mil habitantes varia. Vai de 1.040 em Santa Clara do Oeste a 707 em São Caetano do Sul, ambos municípios de São Paulo. Nos extremos do país, o vírus matou 784 em uma cidade de Rondônia e 825 em outra do Rio Grande do Sul.

Faltou oxigênio em Manaus durante a pandemia e muitos morreram sufocados. O governo federal culpou o estadual pela tragédia, e o estadual negou a culpa. Bolsonaro imitou em live uma pessoa morrendo sem oxigênio. Pois ele venceu em Manaus.

Que país é esse? O que explica Bolsonaro ser bem votado no primeiro turno em lugares onde as populações deram-se tão mal com o vírus? Que os estudiosos do assunto possam explicar um dia. Certamente haverá explicações de toda natureza.

É possível, por exemplo, que a política do “fique em casa” defendida por governadores e prefeitos não tenha sido bem aceita pelos que queriam sair de casa. Ela pode ter sido entendida como mais uma forma de intervenção do Estado na vida privada.

Ou vai ver que em redutos bolsonaristas, o amor à vida revelou-se menor do que o amor ao presidente que combateu as medidas de isolamento. Isso poderá até deixar Bolsonaro satisfeito, mas a história é implacável com os que fazem o mal ao invés do bem.

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