Oh Pátria amada, idolatrada, salve, salve!
Liberdade, abre as asas sobre nós
atualizado
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Para muita gente, o 7 de setembro ficou mal na foto porque dele se aproveitaram os militares que fundaram a ditadura de 64. O que deveria ser uma festa essencialmente cívica virou uma celebração dos anos dourados do falso milagre econômico brasileiro.
O ex-ministro Delfim Netto, dizia à época, que era preciso deixar o bolo crescer para depois reparti-lo. Engodo. Não foi repartido. Sobraram migalhas para serem oferecidas aos mais pobres. As taxas de inflação eram manipuladas e a corrupção crescia.
Éramos então uma “ilha de tranquilidade”. Ninguém, mas ninguém mesmo era capaz de “segurar este país” onde se torturava e matava presos políticos. E se você não fosse capaz de amá-lo, era aconselhável que o deixasse (“Brasil, ame-o ou deixe-o”).
Pode parecer boiolice, como alguém aqui escreveu, mas nunca deixei de assistir mesmo à distância a parada de 7 de setembro. Nunca deixei de me emocionar ouvindo o Hino Nacional; e não consegui torcer contra a Seleção na Copa do Mundo de 70.
Talvez eu seja um perfeito idiota aos olhos de muitos ou talvez da maioria dos meus amigos – mas que posso fazer? É tarde para mudar a essa altura. Ou melhor: não quero mudar. O país fica, nós passamos. Salve, salve! Liberdade, abre as asas sobre nós.
(Publicado aqui em 7 de setembro de 2004)