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O sangue está nas suas mãos, Netanyahu, primeiro-ministro de Israel

Se depender dele, o massacre dos palestinos só fará aumentar

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Em boa parte do país, milhares de israelenses foram às ruas na noite da segunda-feira (6/5) para pedir ao governo de Benjamin Netanyahu que concorde com os termos de um acordo de cessar-fogo que o grupo Hamas, horas antes, anunciou que aceitava.

Pouco mais de mil manifestantes reuniram-se perto do quartel-general da Defesa, em Tel Aviv, enquanto em Jerusalém pelo menos uma centena marchou em direção à casa da família de Netanyahu, com uma faixa que dizia: “O sangue está nas suas mãos”.

Duas vezes, a polícia foi acionada para dispersar um grande protesto na rodovia Ayalon, em Tel Aviv, bloqueada por famílias de cativos em poder do Hamas; tocavam tambores, brandiam cartazes e gritavam a palavra de ordem: “Bibi está abandonando os reféns!”

O acordo de cessar-fogo foi proposto pelo Egito e o Catar, com o apoio velado dos Estados Unidos. A resposta de Israel foi o aumento de ataques à cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, para onde, no início da guerra e por ordem de Israel, deslocaram-se cerca de 1 milhão de palestinos.

Órgãos internacionais alertaram para as graves consequências humanitárias e os cortes drásticos no fornecimento de ajuda, caso prossiga a ofensiva de Israel em Rafah. Nas últimas 48 horas, Israel orientou dezenas de milhares de pessoas a abandonarem a parte oriental da cidade.

“Uma incursão militar em Rafah poderia levar a um banho de sangue, devido ao quão densamente povoada Rafah se tornou”, disse Tamara Alrifai, diretora de relações externas da agência da ONU para refugiados palestinos, Unrwa.

As passagens de Rafah e Kerem Shalom – as únicas rotas de ajuda para a Faixa de Gaza – foram fechadas na segunda-feira, sem sinal claro de quando poderão reabrir. Dados da ONU mostram que nenhum caminhão de ajuda humanitária passou por Rafah no domingo.

Segundo o Wall Street Journal, os Estados Unidos atrasaram a venda de milhares de armas de precisão a Israel. A venda atrasada foi de cerca de 6,5 mil kits de Munições Conjuntas de Ataque Direto (JDAM), que permitem direcionar bombas não guiadas para um alvo.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, deve apresentar um relatório ao Congresso até amanhã sobre o aceite às garantias de que Israel está respeitando o direito internacional ao utilizar armamento americano.

Se a conclusão do relatório for de que Israel não respeita, isso aumentará, de um lado, os apelos pela suspensão da ajuda militar americana e, do outro, irritará os conservadores que defendem Israel, bem como os doadores de dinheiro para a campanha de Biden.

O presidente americano tenta se equilibrar numa corda bamba. Cobra o fim da guerra ao mesmo tempo em que renova seu apoio incondicional ao governo de Israel, qualquer que seja ele. Disso se aproveita o governo de extrema direita de Netanyahu.

Na véspera do Dia em Memória do Holocausto, na semana passada, Netanyahu foi taxativo:

“Se não nos protegermos, ninguém o fará. Não podemos confiar nas promessas dos gentios”.

Está nos dicionários: na tradução cristã da Bíblia, a palavra gentio designa um não hebreu. Os hebreus estabeleciam uma divisão entre o povo, que definiam como eleito por Deus, e os gentios, posteriormente denominados pagãos. Israel é um Estado religioso que se diz democrata.

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