O que o futuro reserva aos negacionistas Boris Johnson e Bolsonaro
Os dois falharam no combate à pandemia, e o problema das consequências é que elas só vêm depois…
atualizado
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O governo do primeiro-ministro Boris Johnson cometeu “graves erros” em sua resposta inicial à pandemia de Covid-19, segundo um informe divulgado pelo Parlamento britânico. A estratégia, de acordo com o relatório, foi um “dos fracassos de saúde pública mais significativos” da história do país e causou a morte de milhares de pessoas. Lembra-te de alguma coisa?
Com 138 mil mortos, o Reino Unido é o país europeu em que mais pessoas perderam a vida para a Covid-19 — no ranking mundial, aparece em nono lugar. Após uma bem-sucedida campanha de vacinação que já imunizou 78% das pessoas com mais de 12 anos, o país registra cerca de 100 mortes por dia. Em certos momentos da pandemia, porém, mais de 1,2 mil pessoas morriam diariamente.
O relatório é assinado por 22 deputados das comissões de Ciência e Tecnologia e Saúde e Assistência Social da Câmara. Eles dizem que o governo não adotou providências similares às de outros países para conter a doença. Baseou suas ações no comportamento do vírus da gripe comum, ignorando lições aprendidas em epidemias anteriores. Lembra-te da “gripezinha”?
Deliberadamente, o governo de Johnson preferiu valer-se de uma “estratégia gradual e progressiva” ao invés de medidas contundentes. A demora em impor quarentenas e distanciamento social nas primeiras semanas da crise sanitária custou milhares de vidas. Era como se apostasse na “imunidade coletiva”, algo que ocorreria quando 70% das pessoas tivessem sido infectadas.
“Se tivéssemos sido mais abertos às abordagens de outros países, poderíamos ter nos saído melhor”, afirma o conservador Jeremy Hunt. Para Greg Clark, da Comissão de Ciência e Tecnologia, “houve um nível de fatalismo que produziu um resultado inevitável diante de uma visão disseminada de que o público não aceitaria uma quarentena demorada”. Lembra-te de algo?
De todo jeito, poderia ter sido pior. Johnson contraiu o vírus, quase morreu, e depois disso correu atrás do tempo perdido, fazendo tudo o que não fizera antes. Bolsonaro também contraiu o vírus, recuperou-se, mas adiou o quanto pôde a compra de vacinas. Os dois pagarão a conta por isso nas próximas eleições – aqui, ano que vem, no Reino Unido, ainda sem data marcada.