O que mais Mauro Cid pode revelar que tanto apavora Bolsonaro?
Sugestão: por que não promover um novo comício na Avenida Paulista? Despesas por conta do pastor Silas Malafaia
atualizado
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O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante-de-ordem de Bolsonaro, preso desde maio do ano passado, contou um monte de histórias à Polícia Federal depois que decidiu delatar em troca de uma pena mais branda. Que tal dois anos de cadeia descontado o tempo que está preso? É pouco.
Mauro Cid contou sobre o golpe planejado por Bolsonaro e seus asseclas que impediria Lula de tomar posse, prenderia o ministro Alexandre de Moraes ou o mataria dando sumiço ao corpo, e instalaria uma ditadura no Brasil, respeitadas as quatro linhas da Constituição
Contou sobre o roubo das joias presenteadas ao Estado brasileiro por governos estrangeiros – mas essa parte da delação ainda não vazou. Foi Mauro Cid, no avião que levou Bolsonaro aos Estados Unidos em junho de 2022, que carregou as joias para vendê-las por lá.
Bolsonaro foi indiciado, ontem, pela Polícia Federal, no caso da falsificação de cartões de vacina anti-Covid 19, para que ele e sua filha adolescente pudessem circular livremente nos Estados Unidos a partir da sua chegada ali em 30 de dezembro. O golpe havia fracassado.
Mesmo sabendo que a falsificação dos cartões fez parte do acordo de delação de Mauro Cid, Bolsonaro proibiu seus advogados e aliados fiéis de baterem forte no seu antigo auxiliar, uma espécie de faz tudo. O que Mauro Cid pode ainda revelar que causa tanto pavor a Bolsonaro?
Há trechos de depoimentos de Mauro Cid nos quais ele diz que alterou os cartões de vacina por ordem de Bolsonaro e que os entregou em mãos. Bolsonaro calou-se, mas sua corriola alega que ele, na condição de ex-presidente, estava dispensado de provar que se vacinara.
Até porque o mundo inteiro sabia que ele foi contra vacinar-se, contra as medidas de isolamento, a favor da cloroquina e outras drogas, embora, como um governante responsável, comprou vacinas para socorrer os brasileiros. Não se vacinou, repita-se, mas vacinou seu povo. Um abnegado!
Outros capítulos da delação de Mauro Cid poderão vir à tona. Daí porque um dos advogados de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, um jovem de raro talento e de muita imaginação, mandou um recado aos políticos ligados ao ex-presidente cobrando lealdade:
– Por falar em capital político, vamos ver com lupa quais candidatos querem surfar a onda desse enorme capital político [o de Bolsonaro], mantendo-se indiferente a essa perseguição. Ao final, recomendarei ao grupo político do presidente que jamais permita que essa relação unilateral e desequilibrada seja ativo eleitoral de quem quer que seja. Aos oportunistas de ocasião, tenham a certeza que, mais ainda agora, os gafanhotos terão vida curta. Política é grupo, coesão e solidariedade.
Em outras palavras: Wajngarten disparou o sinal de SOS. Por que não vai além? Por que não convence Bolsonaro a promover mais um comício na Avenida Paulista para defender-se das pesadas acusações que esmagam seus ossos? Fica a sugestão. O pastor Silas Malafaia paga as contas.