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O que Jair Bolsonaro poderia aprender com os índios zoés do Pará

Amor pela vida

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Índios zoés
1 de 1 Índios zoés - Foto: Reprodução

Se dois anos depois do Coronavírus aparecer na China, e aqui em março de 2020 colher a primeira vida, Bolsonaro insiste em exaltar drogas como a cloroquina para combater a pandemia, como é possível tanta gente ainda acreditar no que ele diz?

A memória coletiva é curta e a ignorância não tem limites. Não há no planeta um só caso registrado de cura pela cloroquina, mas e daí? No Recife dos anos 70, não faltou quem se dissesse vítima de uma perna cabeluda que aparecia do nada e batia nas pessoas.

Esta semana, Bolsonaro repetiu que crianças não morrem de Covid-19, apesar de mais de trezentas terem morrido no Brasil desde o início da pandemia. Por que no mundo e aqui crianças são vacinadas contra outras doenças? Estupidez dele ou maldade?

A meu ver,  maldade. Se quiserem, os isentos poderão chamar de cálculo político. É a maneira que ele encontrou para manter unido o contingente de seguidores radicais que lhe resta. Afinal, Bolsonaro não veio para construir, mas para destruir.

Ao tomar posse, disse que seria o presidente de todos. Pois bem: o defensor extremado da tese de que o vírus só desaparecerá depois que matar quem tiver de morrer deveria trocar por instantes o cercadinho do Alvorada pela reserva dos índios zoés no Pará.

Ali, perto da fronteira com o Suriname, os zoés decidiram se isolar voluntariamente quando souberam da chegada de um novo vírus, como conta Letícia Holanda, repórter do Metrópoles. Montaram um sistema para não usar as mesmas trilhas entre as aldeias.

Só vão ao posto de Saúde para tomar vacina ou em situação de muita necessidade. Wahu Zoé, velho e quase cego, não tinha mais força para caminhar ida e volta os  6 quilômetros que separam sua casa do posto de saúde. O jovem Tawy Zoé carregou-o nas costas.

Nenhum dos 325 zoés pegou Covid até hoje. Em março último, o Palácio do Planalto registrou a primeira morte de um servidor por Covid: o sargento do Exército Silvio Kammers, supervisor da ajudância de ordens do gabinete de Bolsonaro.

À época, 460 servidores do palácio, de um total de 3.500, haviam contraído a doença. A taxa de infecção do lugar onde o presidente da República dá expediente diário era o dobro da média brasileira. Para não irritar Bolsonaro, os servidores evitam usar máscara.

No ano passado, Bolsonaro contou quase sete mentiras por dia, conforme um levantamento feito pela agência de checagem “Aos Fatos”. Foram 2.516 falas mentirosas ou distorcidas contra 1.592 em 2020 e 606 em 2019. A média diária saltou de 1,6 para 6,9.

Em ano eleitoral, o número de mentiras baterá um novo recorde. Quantas vidas isso não custará?

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