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O que ameaça lascar o Brasil não é a pandemia da Covid-19

Bolsonaro fala sobre a caçada ao criminoso Lázaro Barbosa e se cala sobre as mais de 500 mil mortes pela pandemia

atualizado

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Orlando Brito
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1 de 1 Protesto - Foto: Orlando Brito

O que leva o presidente Jair Bolsonaro a gravar um vídeo onde exalta o esforço dos policiais militares que caçam o assassino Lázaro Barbosa, embrenhado nas matas de Goiás, e a não dizer uma única palavra sobre a pandemia da Covid-19 logo no dia em que o número de mortos ultrapassou a casa dos 500 mil?

Bolsonaro garantiu que, “no mínimo”, Lázaro estará em breve atrás das grades. Não podia desejar publicamente sua morte, mas defende que “bandido bom é bandido morto”. Quanto aos mortos pela maior crise sanitária da história do país… Por que o silêncio? Medo de que seus devotos o considerem um governante fraco?

Sentimento de culpa por que não fez tudo o que estava ao seu alcance para evitar tantas mortes? Ou por que não está nem aí para o que aconteceu até agora? A julgar pelo que já disse, ele não é coveiro; morreriam os que tivessem de morrer; importante seria salvar a economia; tudo não passava de “um resfriadinho”.

Lázaro já matou pelo menos sete pessoas ao longo de sua trajetória como criminoso sádico. Sente prazer em matar e torturar. Se não o capturarem antes, é possível que volte a matar. Vidas não lhe importam. Compaixão não tem. Mas seus dias estão contados. A qualquer momento será preso ou aparecerá morto.

No mínimo, Bolsonaro governará o Brasil por mais 18 meses, podendo governar por mais quatro anos se reeleito ano que vem. Se não faltar vacina que ele não teve pressa em comprar, na melhor das hipóteses a pandemia estará sob controle no início do próximo ano. Sim, e daí? Não se morre só por falta de vacina.

Por mais letal que seja, pandemia alguma destrói um país. Nem mesmo sucessivos governos ineptos e assassinos destroem. O mal que eles causam, porém, custam milhares de vidas, retardam o desenvolvimento, nublam o futuro e deixam cicatrizes para sempre. A história de todos os povos é repleta de altos e baixos.

Mas todos os indicadores disponíveis mostram sem margem para dúvidas que o mundo, hoje, é mais civilizado do que jamais foi. Há menos guerras. Doenças matam menos. A desigualdade é menor. Os grandes desafios para a sobrevivência da humanidade são conhecidos e estão postos na mesa de discussão.

Bolsonaro é um presidente acidental. A conjuntura que o levou ao poder jamais se repetirá se a maioria dos brasileiros enxergar o que ele de fato significa. Mas a maioria só se move quando seus líderes naturais deixam de lado as diferenças para combater uma ameaça maior. Ou será assim ou o Brasil continuará lascado.

 

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