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O que a rainha Elizabeth II tinha em comum com Jair Bolsonaro

Ela se encontrou com quatro presidentes brasileiros, mas com ele não

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A rainha Elizabeth II no funeral de Patricia Knatchbull, Condessa Mountbatten da Birmânia na Igreja de São Paulo
1 de 1 A rainha Elizabeth II no funeral de Patricia Knatchbull, Condessa Mountbatten da Birmânia na Igreja de São Paulo - Foto: Max Mumby/Indigo/Getty Images

O que Elizabeth II, rainha da Inglaterra, que morreu com 96 anos de idade, tinha em comum com Jair Bolsonaro, o 38º presidente da República do Brasil? A rainha, por exemplo, nunca fugiu ao trabalho, ele foge; nunca desrespeitou a lei, ele desrespeita.

Quem pensa que ela era uma figura decorativa, engana-se. Não governava, mas despachava semanalmente com o primeiro-ministro. Foram 15 primeiros-ministros ao longo dos seus 70 anos de reinado. Nunca vazou sobre o que eles conversaram.

Figura decorativa sentia-se Michel Temer como vice da presidente Dilma Rousseff. Cansado do papel, ele aliou-se ao Centrão para derrubar Dilma e pôr um fim à Operação Lava-Jato.

Mas foi Bolsonaro, tanto quanto Temer, refém do Centrão, que de fato acabou com a Lava-Jato, e disso se orgulha. Foi o coveiro da Lava-Jato, mas disse que não seria coveiro quando começaram a morrer vítimas da Covid-19. Foram mais de 680 mil.

Elizabeth estimulou os ingleses a respeitarem as medidas de isolamento para escapar à pandemia mesmo quando o primeiro-ministro Boris Johnson a subestimava. Ela deu o exemplo, usando máscara o tempo todo. Bolsonaro fez justamente o contrário.

No seu sexto mês de governo, Bolsonaro revoltou-se contra um projeto de lei que permitiria ao Congresso indicar diretores de agências reguladoras. E desabafou, traindo sua ignorância:

“Querem me deixar como a rainha da Inglaterra?”

Como se vê, de nada sabia e de pouco entendia sobre o que ocorria alhures. Elizabeth rodou o mundo e uma vez visitou o Brasil. Era final de 1968 e o país vivia sob a ditadura militar de 64. Quem a recepcionou em Brasília foi o general-presidente Costa e Silva.

No Rio, a rainha foi ao Maracanã entregar um troféu a Pelé. Como ela teria de passar pela Avenida Presidente Vargas e, ali, existia uma área de prostituição chamada até hoje de “Piranhão”, a ditadura tapou o lugar com tapumes para que ela não visse.

Ficou famosa uma capa da VEJA publicada ao fim da visita de Elizabeth: “A Rainha passou. Agora, façam a crise, senhores”. Menos de um mês depois, Costa e Silva promulgou o Ato Institucional nº 5, que escancarou a ditadura.

Bolsonaro sabe o que foi o AI-5, o ato mais violento da ditadura, que deu respaldo à tortura, à morte de presos políticos e à cassação de mandatos de parlamentares e de ministros do Supremo Tribunal Federal, mas sobre isso ele evita falar, só sente saudades.

Elizabeth recebeu em Londres três presidentes brasileiro em visitas oficiais: Ernesto Geisel (1976); Fernando Henrique Cardoso (1977) e Lula (2006). Voltou a reunir-se com Lula em 2009 durante encontro do grupo das 20 maiores economias do mundo. Em 2012, em Londres, ela se reuniu com Dilma.

O mandato de Bolsonaro está prestes a terminar sem que ele tenha sido convidado a visitar oficialmente qualquer país europeu. Nem o Papa Francisco, tido por Bolsonaro como um esquerdista, deu sinais de que o receberia em audiência individual ou coletiva.

A Lula, em agosto de 2018, quando ele estava preso em Curitiba, Francisco enviou um livro com a seguinte mensagem que escreveu: “Luiz Inácio Lula da Silva, com a minha bênção, pedindo-lhe para orar por mim, Francisco”.

Quem ora por Bolsonaro, fora pastores evangélicos atrás de graças, favores e negócios; fora o próprio Bolsonaro que se diz católico, embora tenha sido batizado no rio Jordão, em Israel, por um pastor evangélico que mais tarde seria preso por corrupção?

Por que Bolsonaro não confessa e se penitencia  por ter comprado com seus familiares 101 imóveis, pagando a maioria deles  com dinheiro vivo e de origem desconhecida? Deus haverá de perdoar.

“God save the Queen!”.

Ei, Bolsonaro, vai tomar juízo e deixe o Brasil em paz.

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