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O primeiro desafio de Lula depois que tomar posse

E se os militares desobedecerem à ordem?

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Acampamento bolsonarista no QG do Exército, em Brasília, com manifestantes sentados diante de imenso monumento em frente de prédio - Metrópoles
1 de 1 Acampamento bolsonarista no QG do Exército, em Brasília, com manifestantes sentados diante de imenso monumento em frente de prédio - Metrópoles - Foto: Felipe Torres/Metrópoles

Ora o Exército informa que está sendo desmontado o acampamento de golpistas à porta do seu Quartel-General, em Brasília, desde o início de dezembro. Ora quem passa por lá não nota grande diferença – tudo parece estar como sempre esteve.

Ora a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal estima que até amanhã não haverá mais acampados. Ora o bolsonarista Anderson Torres, futuro Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, diz que a lei assegura o direito à manifestação.

Ora o futuro ministro da Defesa de Lula, José Múcio Monteiro, defende uma costura delicada para evitar atritos com bolsonaristas. Ora o futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, sugere que quem não sair por bem da porta dos quartéis sairá por mal.

Chegam notícias de que caravanas de bolsonaristas de diversas partes do país se puseram em movimento rumo a Brasília para tumultuar a festa de posse de Lula. Enquanto isso, Bolsonaro está prestes a voar aos Estados Unidos, sem data de retorno.

Será por cansaço, embora ele já não trabalhe desde o dia seguinte à derrota? Será por medo de ser preso, uma vez que perderá a imunidade que o cargo lhe oferece? Será por que uma viagem até sábado correrá por conta do Tesouro Nacional, e não dele?

O passeio nas últimas 72 horas do mandato de Bolsonaro custará 1 milhão de reais por dia ao Tesouro Nacional, segundo José Casado, colunista da Veja. Um dos aviões presidenciais pousou em Orlando, ontem. O outro levará Bolsonaro e sua comitiva.

Bolsonaro valeu-se do mesmo recurso para beneficiar Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação. Só publicou a anunciada demissão dele no Diário Oficial depois que Weintraub, ainda na condição de ministro, desembarcou nos Estados Unidos.

Weintraub ganhou um prêmio de consolação por ter perdido o emprego: virou diretor do Banco Mundial, indicado pelo ex-colega Paulo Guedes, ministro da Economia. Não haverá prêmio que console Bolsonaro, nem mesmo o de funcionário graduado do PL.

Lula fala pelas bocas de Monteiro e de Dino, mas é mais pela de Dino que ele fala no momento. O presidente eleito considerará um desafio à sua autoridade se os golpistas acampados atravessarem a próxima semana ocupando espaços em áreas de natureza militar.

Se não mudar de opinião, e se eles não forem embora, dará ordem de removê-los. Para tal, basta um caminhão do Corpo de Bombeiros e alguns jatos d’água. Se Lula mudar de opinião, seu governo colherá a primeira e grave derrota. Não há meio termo.

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