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O novo negócio dos Bolsonaro: uma plataforma para treinar a direita

Defesa da própria reputação e ataque ao bolso alheio

atualizado

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1 de 1 imagem colorida bolsonaro - Foto: Reprodução

Fim de semana estafante, o que passou, para o ex-presidente Jair Bolsonaro, instalado na paradisíaca Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, e seus filhos presenteados por ele com mandatos – Flávio, senador, Eduardo, deputado federal, e Carlos, vereador, o mais esperto deles.

No sábado, o patriarca interrompeu o descanso para participar do lançamento da candidatura de Renato Araújo (PL) a prefeito de Angra dos Reis. E no domingo, acompanhado pelos três filhos Zero, estrelou uma “superlive” para promover mais um negócio promissor da família.

As duas ocasiões serviram também para que Bolsonaro se defendesse de antigas e novas acusações que carrega nos ombros. Uma: a de ter estado por trás do golpe do 8 de janeiro de 2023. Como é possível, ele indagou, falar-se em golpe se nenhum tiro foi disparado?

Simples: não houve disparos porque o golpe foi abortado a tempo. O que caracteriza golpes não são necessariamente disparos. Houve poucos em março de 64. Próxima questão: Bolsonaro chamou de abuso da Justiça a condenação de golpistas a penas que vão até 17 anos de prisão. Disse:

“Hoje vemos colegas condenados a 17 anos de prisão, muitos inocentes. E até mesmo aqueles que porventura invadiram o Congresso, o que nós somos contra, (receberam) uma condenação de 17 anos. Isso é um crime, uma maneira de tentar calar todos nós.”

Colegas de quê, cara pálida? De farda, como a que Bolsonaro usou até ser forçado a deixar o Exército por má conduta nos anos 1980? A farda ainda não sentou no banco dos réus. O Supremo Tribunal Federal condenou 30 golpistas pela invasão às sedes dos Três Poderes da República.

Dois dos golpistas a três anos de prisão cada um, penas que poderão ser cumpridas em regime semiaberto. Dos 28 que ficariam presos em regime fechado (pena maior de oito anos e cumprida em presídio de segurança máxima ou médio), somente oito estão presos.

Se bagrinhos receberam penas de até 17 anos de prisão, o que não irão receber os tubarões inspiradores, financiadores e promotores do golpe? É isso o que apavora Bolsonaro: ser julgado e condenado a uma pena muito mais severa. Daí porque sai em socorro dos seus colegas de ideias.

A “superlive” do domingo no Youtube foi uma fala descosturada e confusa de Bolsonaro em sua própria defesa, e na dos filhos. Sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), ele disse que foi “massacrado por cinco anos” pela suspeita de ter sido o mandante:

“O possível executor morava no meu condomínio, que tem 150 casas, daí o mundo começou a cair na minha cabeça. O que mais quero é que o fato seja elucidado. O meu filho Carlos tinha o gabinete dele no mesmo andar da Marielle, nunca tiveram problema”.

Bolsonaro e os filhos abordaram suas causas ideológicas usuais, com críticas ao aborto, legalização de drogas, marco temporal, projeto que criminaliza fake news, voto eletrônico, o ministro Alexandre Machado, o governo atual, Lula em particular e ditaduras de esquerda (de direita, não).

E divulgaram a criação de uma plataforma online de treinamentos para a direita conservadora, a exemplo da que tinha o falecido astrólogo e filósofo Olavo de Carvalho, guru da família. Para assistir às aulas de formação política e obter um certificado, o preço cobrado é de quase R$ 300.

Aí estava a cereja do bolo do pronunciamento de Bolsonaro: grana, grana, grana. A família empreendedora não se contenta com o patrimônio que acumulou, grande parte adquirido com dinheiro vivo, outra parte com dinheiro da rachadinha, e outra por meio de tenebrosas transações.

Apenas entre 1º de janeiro e 4 de julho do ano passado, Bolsonaro arrecadou R$ 17.196.005,80 por meio do Pix. Foi o que informou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Com a venda de joias roubadas ao Tesouro Nacional, ainda não se sabe quanto ganhou.

Em novembro do mesmo ano, o governador de São Paulo, o generoso Tarcísio de Freitas (Republicanos), que lhe deve o mandato, assinou lei que livrou Bolsonaro de pagar mais de R$ 1 milhão em multas por ter desrespeitado medidas de isolamento durante a pandemia da Covid-19.

Os Bolsonaro são movidos a dinheiro, assim como o mundo.

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