O mundo está à espera da resposta de Israel à resposta do Irã
Se depender do governo de extrema-direita de Netanyahu, a guerra nem tão cedo terminará
atualizado
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Até aqui, tudo está dando certo para Benjamin Netanyahu. Israel ataca o consulado do Irã em outro país, mata 6 generais iranianos de uma vez, e o Irã contra-ataca. Assim, Israel se vê no direito de atacar o Irã na casa dele. Netanyahu sabe que seu governo acaba quando a guerra terminar. Para ele, não interessa que termine tão cedo.
Acompanho grupos de Zap onde judeus que dizem prezar a democracia criticam Netanyahu dia sim e o outro também. Mas… Existe sempre quem diga “mas” entre eles. Mas Israel foi atacado primeiro pelo Hamas e a obrigação do governo era retaliar. Morreram 34 mil palestinos até agora, é um absurdo, morrerão muitos mais, mas…
Pesquisas recentes indicam que uma parcela ínfima dos habitantes de Israel considera que seu governo está dando uma resposta violenta em excesso ao ataque inicial do Hamas; uma parcela ínfima de menos de 5% deles. Os Estados Unidos ameaçaram suspender a venda de armas para Israel, bem como a Alemanha e o Reino Unido. Mas, a essa altura…
Não o farão. Muito menos depois das centenas de drones e de mísseis lançados pelo Irã contra Israel. A reação de Israel virá em breve, se já não veio enquanto escrevo nesta madrugada, se já não veio depois que este texto foi postado. Mas… Mas, convenhamos: se não houver uma resposta, o Irã se fortalecerá aos olhos dos árabes. Não é o que dizem?
Não de todos os árabes porque a maioria dos países árabes só finge defender os palestinos desalojados de suas terras em 1948 para dar lugar a Israel. Desde então, a Faixa de Gaza é um simulacro de território palestino, um campo de concentração. É Israel quem manda ali. E se depender do governo de Netanyahu, seguirá mandando.
O Irã deu por findo o ataque de ontem à noite a Israel. Nos seus primeiros comentários públicos desde o início do ataque, Netanyahu escreveu no X, ex-Twitter: “Interceptámos [todos os drones e mísseis]. Nós os repelimos. Juntos, vamos ganhar”. O Conselho de Segurança da ONU se reunirá hoje para discutir o assunto.
Até onde se sabe, não houve vítimas fatais. Um total de 12 pessoas foram levadas ao Centro Médico Soroka, no sul de Israel, durante a noite. Uma delas – uma menina de 7 anos – foi ferida por fragmentos de mísseis. Outras oito pessoas foram tratadas por ferimentos leves causados por estilhaços ou por correrem para abrigos.
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, disse que as forças americanas interceptaram dezenas de mísseis e drones a caminho de Israel, lançados do Irã, Iraque, Síria e Iêmen. E advertiu o governo iraniano:
“Nossas forças continuam posicionadas para proteger as tropas e parceiros na região, fornecer mais apoio à defesa de Israel e aumentar a estabilidade regional. Não procuramos entrar em conflito com o Irã, mas não hesitaremos em agir para proteger as nossas forças e apoiar a defesa de Israel”.
O líder da maioria no Senado americano, Chuck Schumer, do Partido Democrata, juntou a sua voz ao crescente coro de líderes do Congresso que pedem a aprovação do projeto de lei de ajuda suplementar: “A Câmara aprovar rapidamente o suplemento bipartidário de segurança nacional do Senado na próxima semana”.
A conta de despesas suplementares de 95 bilhões de dólares inclui 14 bilhões para Israel, além de 60 bilhões para a Ucrânia, apoio a Taiwan e bilhões em assistência humanitária. Foi aprovado pelo Senado com 70% de apoio em fevereiro, mas foi bloqueado na Câmara. O momento é favorável a despejar-se mais dinheiro em guerras.
Portanto, “está tudo como dantes no quartel d’Abrantes”. Essa expressão surgiu no início do século 19 com a invasão de Napoleão Bonaparte à Península Ibérica. Portugal não ofereceu resistência às forças francesas. Toda a Corte portuguesa havia fugido para o Brasil.
Pobres dos palestinos que não têm para onde fugir.