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O mistério das três malas com presentes e novas joias para Bolsonaro

Ex-presidente tomou posse com um relógio de camelô no pulso e saiu do governo com um Rolex cravejado de diamantes

atualizado

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Recibo das malas despachadas
1 de 1 Recibo das malas despachadas - Foto: Reprodução

Se não cancelar a volta em cima da hora, se ao chegar amanhã não for preso por ordem de um juiz de fim de semana em busca de 10 minutos de fama, Bolsonaro irá diretamente para sua nova casa, em um condomínio perto do Jardim Botânico de Brasília, alugada pelo PL, partido que o abriga, paga salário e se aproveita de Michelle como garota-propaganda. Ou melhor: senhora-propaganda.

Dependendo dele, Bolsonaro seria recebido por uma multidão barulhenta ou histérica no aeroporto e, dali, em carro aberto, atravessaria parte da cidade. Foi o que pediu a Valdemar Costa Neto, presidente do PL, mas não será assim. Ele deixará o aeroporto por uma porta lateral, e em carro fechado irá para casa. Salvo se um juiz de fim de semana, sabe como é…

Como conta Bela Megale, repórter de O Globo, a prisão de Bolsonaro chegou, ontem à tarde, a ser tratada na reunião entre a Polícia Federal, a Secretaria de Segurança do Distrito Federal e outras autoridades. Se fosse preso, para onde ele seria levado? Como ex-presidente da República, teria direito a uma cela especial, sem grades, e a um atendimento também especial.

Foi assim com Lula quando o então juiz Sergio Moro, depois declarado “parcial” pelo Supremo Tribunal Federal, o prendeu. Foi assim com o ex-presidente Michel Temer (MDB) preso no meio da rua em São Paulo e transferido para o Rio por ordem de Marcelo Bretas, juiz da Lava Jato. O Conselho Nacional de Justiça investiga Bretas por supostas irregularidades na condução de processos.

A reunião para decidir onde Bolsonaro ficaria preso terminou sem definir o local. Poucos acreditam na prisão, e, se ela ocorrer, decide-se na hora para onde levá-lo. Sem a imunidade que o cargo lhe conferia, ele responde a processos na Justiça comum. Seu destino está nas mãos de uma dezena de juízes, embora responda também a processos no Supremo e no Tribunal Superior Eleitoral.

Em breve, terá que encarar mais um. Sabia-se que o casal presidencial fora presenteado pela ditadura da Arábia Saudita com dois estojos de joias no valor de R$ 17,6 milhões. O estojo de Michelle acabou apreendido pela Receita Federal; o de Bolsonaro entrou no país ilegalmente, como se fosse contrabando, e foi entregue a ele, que o escondeu, sendo obrigado a devolvê-lo.

Mas não foi só isso. Por meio da Lei de Acesso à Informação, a agência Sportlight de jornalismo obteve um documento que mostra que foram três malas com presentes que a ditadura enviou a Bolsonaro. No documento, o tenente da Marinha Marcos André Soeiro diz que pagou o equivalente a pouco mais de 4 mil reais à companhia aérea Qatar Airways para despachar as malas:

“[O custo foi referente à] necessidade de despachar três malas extras, contendo itens ofertados pelo Reino Saudita ao Estado Brasileiro, cujos comprovantes encontram-se em anexo”.

Três malas com “itens ofertados pelo Reino Saudita ao Estado Brasileiro”? O que mais havia nessas malas? Talvez um terceiro estojo. O jornal O Estado de S. Paulo descobriu que Bolsonaro recebeu dos sauditas um terceiro conjunto de joias de ouro branco e diamantes avaliado em mais de R$ 500 mil. Só um relógio Rolex cravejado de pedras vale mais de R$ 360 mil.

Bem-vindo, Bolsonaro!

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