O medo de Bolsonaro é ter que enfrentar um candidato da 3ª via
Nunca antes nesse país se viu alguém admitir a própria derrota com tanta antecedência
atualizado
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Enquanto pôde, o general Luiz Eduardo Ramos estrebuchou na maca com a pretensão de não ceder ao senador Ciro Nogueira (PP-PI) a chefia da Casa Civil da presidência da República. Apelou para seus colegas de farda e não fardados. Saiu de motocicleta no fim de semana para passear ao lado do presidente Jair Bolsonaro.
Não foi por dinheiro que resistiu à degola. Se antes já tivesse sido transferido para a Secretaria do Governo, teria recebido em junho último, entre salário e outros proventos, pouco mais de R$ 100 mil. Igual soma foi embolsada pelos generais Braga Neto, da Defesa, e Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional.
Foi para não perder status, prestígio e importância junto a Bolsonaro que Ramos agiu assim. Disse que se sentia como uma pessoa atropelada por um trem e que isso não lhe parecia justo. Rendeu-se ao ouvir outra vez de Bolsonaro que Nogueira como uma espécie de primeiro-ministro poderá salvar o governo.
O presidente enfrenta dificuldades para convencer seus devotos que não tinha outra saída. À crítica de que Nogueira é réu no Supremo Tribunal Federal, acusado de receber propina, Bolsonaro responde que também é por ter dito à deputada Maria do Rosário (PT-RS) que ela é feia e, por isso, não merecia ser estuprada.
Se não governar na companhia de gente processada, o que lhe restaria a fazer? – perguntou ele em entrevista a uma emissora de rádio da Paraíba. Impensável para Bolsonaro seria governar com gente não processada. Da banda podre do Congresso, ele veio. Natural que à banda podre ele retorne ao ver-se em apuros.
Jamais se viu um candidato admitir com tanta antecedência que poderá ser derrotado. Mas é o que faz ao suplicar à direita que não bata tanto nele porque assim o segundo turno da eleição presidencial do ano que vem será disputado por Lula (PT) e Ciro Gomes (PDT). É enorme o seu pavor de um candidato da 3ª via.
Contra Lula, Bolsonaro dispõe do imunizante do voto fraudulento, uma vez que for mantido o voto eletrônico. Os militares parecem dispostos a apoiá-lo nessa briga. Tal imunizante seria ineficaz contra um candidato nem-nem – nem ele e nem Lula. O fantasma de um golpe militar iria por terra.