O mais grave é já não reagirmos ao que se descobre que ele fez
Crime por encomenda
atualizado
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Dito assim seria espantoso, provocaria calafrios nos mais sensíveis, e chocaria um marciano desavisado que sobrevoasse o planeta:
“O Excelentíssimo Senhor Presidente da República do Brasil mandou que um criminoso, condenado e preso, fosse levado ao seu encontro para discutir sobre como hackear as urnas eletrônicas do país. Em seguida, mandou que ele se reunisse para tratar do assunto com militares no Ministério da Defesa”.
Mas dito assim, não espantaria; talvez entrasse por um ouvido e saísse pelo outro:
“Bolsonaro recebeu no Alvorada o hacker Walter Delgatti. Em discussão: como invadir as urnas eletrônicas para provar que são inseguras. Sugeriu que ele fizesse o protótipo de uma. Digitando-se o número de Bolsonaro, ela registraria o voto para Lula. Em seguida, mandou-o ao encontro de técnicos militares”.
Em 2013, Delgatti foi condenado por desviar cerca de 600 mil reais de um banco. Não cumpriu pena porque o crime prescreveu. Em 2015, foi condenado por estelionato. Em 2018, foi indiciado por tráfico de drogas, sendo depois inocentado. Em 10 de agosto de 2022, reuniu-se secretamente com Bolsonaro.
Nesta segunda-feira (21), a Justiça Federal condenou-o a 20 anos e um mês de prisão pelo vazamento de mensagens de celulares de autoridades. Bolsonaro havia prometido indultar Delgatti caso ele fosse preso a seu serviço, tentando hackear as urnas eletrônicas. Delgatti atestou que as urnas são invioláveis.