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O jacaré escancara a boca para engolir Bolsonaro

Voto útil pode eleger Lula no primeiro turno

atualizado

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Rachel Sabino/Especial Metrópoles
Bolsonaro fala em frente à casa do embaixador brasileiro em Londres
1 de 1 Bolsonaro fala em frente à casa do embaixador brasileiro em Londres - Foto: Rachel Sabino/Especial Metrópoles

Sacanagem de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos. De volta do enterro em Londres da rainha Elizabeth II, transferiu para amanhã seu aguardado discurso na Assembleia-Geral da ONU, a ser instalada hoje, em Nova Iorque. Má notícia para Bolsonaro.

É da tradição que o presidente brasileiro, seja qual for, faça o discurso inaugural da Assembleia. Por isso, ele fala para um plenário cheio, quando nada porque o presidente americano fala em seguida, e assim todos comparecem e prestam atenção.

O meio ambiente é um tema sempre em pauta na ONU, e não deixará de ser desta vez para incômodo de Bolsonaro. Mas a guerra na Ucrânia terá mais importância este ano. São 200 dias de guerra. No início de agosto, no mínimo 10 mil ucranianos haviam morrido.

O governo americano estimava que o número de militares russos mortos era de cerca de 80 mil. Pelo menos 19 brasileiros, que se ofereceram para lutar ao lado dos ucranianos, foram mortos. Mas deles, Bolsonaro não se lembrará. Da guerra, de passagem.

Bolsonaro usará a guerra para justificar os problemas econômicos do Brasil e dizer que, apesar dela, o Brasil está indo muito bem graças à sabedoria do seu governo. Estado de calamidade pública? Bobagem. Foi só um truque para dar dinheiro aos mais pobres.

Deu dinheiro antes, no auge da pandemia, e a aprovação do governo aumentou. Sentiu-se obrigado a dar novamente para escapar de uma derrota no primeiro turno da eleição. Faltam 12 dias para a abertura das urnas. A boca do jacaré abriu-se.

A fotografia recente dos indicadores de aprovação do governo e do desempenho de Bolsonaro no cargo faz lembrar uma boca de jacaré. À medida que a desaprovação aumenta, a boca do jacaré se escancara. Bolsonaro teme ser engolido em 2 de outubro.

A pesquisa Ipec, divulgada ontem à noite, conferiu a Lula 52% dos votos válidos se a eleição já tivesse ocorrido. Os 52%, pela margem de erro da pesquisa, podem ser 54%. Com 50% dos votos válidos mais um, um candidato se elege no primeiro turno.

Lula continua crescendo em todos os segmentos de voto – entre os homens, onde Bolsonaro ainda dominava; entre as mulheres, os negros e os católicos; e, principalmente, entre os mais pobres. A rejeição a Lula é de 33% contra a de Bolsonaro de 50%.

Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) oscilaram um ponto para baixo e um ponto para cima. Entre os eleitores de Ciro, 53% dizem que ainda podem mudar seu voto. Entre os de Simone, 60%. O voto útil costuma pipocar na última semana de campanha.

Que arma resta a Bolsonaro para que ele não passe à história como o primeiro presidente brasileiro a não se reeleger, e, pior: que foi derrotado no primeiro turno? Continuar batendo em Lula e no PT, o que deverá fazer na ONU, e apostar na abstenção dos pobres.

Em Londres, além de sorrir para um rei que acabou de perder a mãe, Bolsonaro só rosnou para seus adversários no Brasil, afinal foi para isso que ele viajou. Em Nova Iorque, poderá latir alto e mostrar os dentes. Vai adiantar? Desconfio que não.

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