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O horror e o terror moral, amigos de Israel na matança dos palestinos

O apocalipse aqui e agora

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Organização Mundial de Saúde (OMS)
Equipe médica no norte de Gaza - Metrópoles
1 de 1 Equipe médica no norte de Gaza - Metrópoles - Foto: Organização Mundial de Saúde (OMS)

A armadilha montada no extremo-sul da Faixa de Gaza para matar palestinos funcionou a contento do governo de Israel. Pelo menos 45 pessoas morreram queimadas e decapitadas em tendas onde Israel garantiu que elas estariam a salvo de bombardeios, e 250 escaparam feridas – a maioria das vítimas, mulheres, crianças e velhos. O horror, o horror!

A expressão “o horror, o horror” aparece pela primeira vez na literatura em Heart of Darkness, do escritor britânico de origem polonesa Joseph Conrad, no ano de 1899. São as palavras derradeiras de Kurtz, um traficante de marfim franco-inglês que se encontra fisicamente doente e, ao que tudo indica, igualmente insano.

No filme Apocalipse Now, lançado em 1979, o cineasta Francis Ford Coppola resgatou a expressão e a pôs na boca do Coronel Kurtz, das forças especiais dos Estados Unidos, vivido por Marlon Brando, que enlouquecera e se refugiou nas selvas do Camboja. A ação se passa na guerra do Vietnã e todos os personagens são militares.

Coube ao Capitão Willard (Martin Sheen) a tarefa de localizar e matar o coronel, o que ele faz. Mas antes de ser morto, o coronel lhe diz:

“Você tem o direito de me matar, mas não o de me julgar. É impossível pôr em palavras o necessário para quem desconhece o sentido do horror. Horror. Horror tem rosto e é preciso fazer amizade com o horror. O horror e o terror moral são seus amigos. Se não forem, então são inimigos a temer. São inimigos de verdade.”

Não peça a Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, que reconheça o horror das suas ações. Ele só vê o horror nas ações do grupo Hamas, que invadiu seu país em 7 de outubro do ano passado. Se visse também nas suas, não poderia chamar o Hamas de grupo terrorista para que Israel não fosse tachado de Estado terrorista.

Mais uma vez, o mundo chocou-se com o que aconteceu nas proximidades de Rafah, no extremo-sul da devastada Faixa de Gaza, e reagiu com indignação, a pedir o fim da guerra. Netanyahu limitou-se a declarar, contrafeito:

“Apesar dos nossos esforços máximos para não prejudicar os civis, infelizmente algo correu tragicamente errado”.

O mundo chocar-se não quer dizer grande coisa. Não mudará em nada a determinação dos dirigentes de Israel de ir em frente com a guerra que já matou mais de 36 mil palestinos civis e inocentes. Somente os Estados Unidos poderiam impor a Israel seu desejo de que a guerra terminasse, mas não o fará. Israel é seu braço armado na região.

Por mais que continue matando palestinos e árabes aqui e acolá, Israel já perdeu esta guerra. Não tem como derrotar o Hamas em definitivo, promessa repetida por Netanyahu a cada vez que é obrigado a se explicar. A Netanyahu só resta estender o fim do seu governo provocando o horror e o terror moral, seus diletos amigos.

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