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O golpe talvez seja isto: a compra por todos das próximas eleições

Aliança com o diabo evoluiu para aliança com o inferno

atualizado

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Presidente Bolsonaro chega no plenário do Senado para sessão solene do Congresso 7
1 de 1 Presidente Bolsonaro chega no plenário do Senado para sessão solene do Congresso 7 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

A 19 meses das eleições de 2014 quando tentaria renovar seu mandato, e renovou, a presidente Dilma Rousseff, na sua primeira visita à Paraíba, justificou diante de uma plateia de 22 prefeitos porque se sentia obrigada a beneficiar até adversários políticos:

“Podemos fazer o diabo quando é hora de eleição, mas quando se está no exercício do mandato, temos de nos respeitar, pois fomos eleitos pelo voto direto”.

Da frase, com o passar do tempo, restou o pedaço que se voltou contra Dilma: “Podemos fazer o diabo quando é hora de eleição”. O mais que ela disse (“quando se está no exercício do mandato temos que nos respeitar”) acabou relegado ao esquecimento.

Se Dilma, de todo modo, admitiu que em hora de eleição se faz o diabo para vencer, foi mais do que isso o que fez Bolsonaro ao aprovar no Congresso o novo pacote de gastos estimado em 41,5 bilhões de reais. Bolsonaro aliou-se ao inferno inteiro.

Rasgou-se a Constituição que garante condições iguais aos candidatos. Rasgou-se a Lei de Responsabilidade Fiscal que antes Dilma havia pedalado timidamente. Rasgou-se a lei que impede o Poder Executivo de fazer certos gastos às vésperas de eleições.

Nunca na história do Brasil democrático uma eleição foi tão escandalosamente comprada pelo governo como está sendo a deste ano. Nunca também a oposição ajudou o governo a comprá-la por medo de perder votos que deverão eleger muitos dos seus.

Por que os demais candidatos a presidente não se reúnem e denunciam publicamente que Bolsonaro está tentando comprar pelo menos sua passagem para o segundo turno, e – quem sabe – sua reeleição? Ora, não podem porque foram cúmplices.

Um país endividado, mais pobre, com inflação, juros e desemprego elevados, baixo crescimento e queda de investimentos é o que emergirá depois de dezembro não importa o presidente que seja eleito. Todos os candidatos sabem disso. E daí?

Danem-se os brasileiros mais pobres que agora sentirão um alívio no bolso e que não fazem a menor ideia do que os aguarda a partir de janeiro próximo. Parte deles ainda dará razão ao que Bolsonaro disse, ou se não disse ainda dirá: “Quem tem fome, tem pressa”.

Talvez seja isto mesmo de que tanto se fala: o golpe de Bolsonaro é a compra das eleições a céu aberto, com o apoio quase unânime dos partidos e sob a indiferença geral. Reclamações, mais tarde, devem ser endereçadas ao novo inquilino do Palácio do Planalto.

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