O general Augusto Heleno fez muita falta no Maracanãzinho
A voz do dono não foi prestigiar o dono da voz
atualizado
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Ministro do Gabinete de Segurança Institucional da presidência da República, encarregado de cuidar para que nada de mal aconteça com Bolsonaro e seus parentes próximos ou distantes, o general Augusto Heleno não foi visto na convenção do PL que lançou a candidatura do seu chefe à reeleição. E o que ele perdeu…
Há quatro anos, o general brilhou na convenção do PSL que fez de Bolsonaro seu candidato a presidente. Na ocasião, antes de Bolsonaro proclamar que seria o “patinho” feio da eleição por não ter nem a esquerda nem “a escória” do Centrão ao seu lado, Heleno cantou da tribuna meio desafinado:
“Se gritar pega Centrão, não fica um, meu irmão…”
Foi aplaudidíssimo. Estava em perfeita sintonia com Bolsonaro que, deputado federal sete vezes durante quase 30 anos, filiou-se a nove partidos, todos eles do Centrão. Mas, à época, o Centrão apoiou Geraldo Alckmin (PSDB), hoje vice de Lula, que amargou pouco mais de 5% do total de votos para presidente.
Verdade que Heleno viu nos últimos dois anos Bolsonaro jogar-se nos braços do Centrão com medo de ser deposto, cedendo-lhe cargos no governo e as verbas do Orçamento Secreto. Para não perder o emprego, Heleno resignou-se. Afirmou que o Centrão não era tão mau como lhe parecia, e que política se faz assim.
Perdeu de ver Bolsonaro exaltar o Centrão na pessoa de Arthur Lyra (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, seu parceiro em muitos negócios, e de confraternizar com gente acima de suspeitas, como Fernando Collor (PTB-AL), cassado por corrupção em 1992, e Valdemar Costa Neto (PL), ex-mensaleiro do PT.
Vai ver que o general temia ser alvo da própria cantoria: “Se gritar pega Centrão…”