O GDF foi informado de véspera sobre o golpe de 8 de janeiro
A Polícia Federal pediu o fechamento da Esplanada dos Ministérios, mas ela ficou aberta
atualizado
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No dia 7 de janeiro passado, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos, reuniu-se com o então secretário adjunto de Segurança Pública do Distrito Federal, Fernando de Souza Oliveira, e o advertiu sobre o que iria acontecer no dia seguinte.
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro e Secretário de Segurança do Distrito Federal, assumira o cargo há poucos dias, mas logo saiu de férias. Voou para os Estados Unidos, aonde Bolsonaro chegara em 30 de dezembro.
Passos dispunha de informações detalhadas sobre a organização e o teor golpista dos atos marcados para o dia seguinte na Praça dos Três Poderes. Compartilhou-as com Oliveira e pediu que a Esplanada dos Ministérios fosse fechada.
Participaram da reunião a coronel da Polícia Militar, Cíntia Queiroz, o coordenador de contrainteligência da Polícia Federal, Thiago Severo, e o então chefe do Comando de Operações Táticas (COT). Oliveira respondeu que os atos seriam pacíficos.
Àquela altura, um informe da Polícia Rodoviária Federal dava conta de que até aquele dia já haviam chegado 40 ônibus ao QG do Exército no Setor Militar Urbano, e que outros 105 veículos fretados, com 3.951 passageiros, estavam a caminho.
A Esplanada permaneceu aberta. A Polícia Militar limitou-se a escoltar os manifestantes. Deu no que se viu e chocou o país e o mundo no domingo, dia 8. Está nas mãos da CPMI o relato passo a passo da crônica de um golpe que poderia ter sido abortado.