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O fantasma de Leonel Brizola volta a assombrar o sapo barbudo

Mudança ou continuísmo, o dilema de Lula

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homem de barba e homem mais velho usando camisas sociais conversam em foto preto e branco
1 de 1 homem de barba e homem mais velho usando camisas sociais conversam em foto preto e branco - Foto: Reprodução/Twitter

Não é de hoje que Lula bate nas elites que fizeram do Brasil um dos países de maior concentração de renda do mundo. Ou foram os pobres os responsáveis pela construção de um país tão desigual?

Não é de hoje que as elites retribuem acusando Lula de falta de preparo para governar. É o mínimo que dizem dele. Já o acusaram de simpatizar com o comunismo e ser corrupto.

De acordo com dados do IBGE de maio de 2022, a parcela de 1% dos brasileiros mais ricos ganha uma renda média mensal 32,5 vezes maior que o rendimento da metade mais pobre da população.

Milionários, em 2022, pagaram menos Imposto de Renda do que profissionais de renda média e alta, como professores, enfermeiros, servidores públicos e médicos.

No início desta semana, Lula assustou-se ao saber do tanto de imposto que se deixa de pagar no país – os chamados “gastos tributários”, isenções de tributos para cidadãos, empresas e outras instituições.

A Receita Federal prevê que o valor do gasto tributário neste ano deve alcançar R$ 524 bilhões. Equivale a mais de um quinto da arrecadação bruta do governo federal e a 4,59% do PIB.

Quando discute com seus ministros um corte de R$ 15 bilhões no Orçamento, Lula descobre que há R$ 640 bilhões em benefícios para os ricos – aí incluídos outros subsídios além dos tributários.

Então, ele comentou:

“Desoneração de folha de pagamento, isenção fiscal, ou seja, são os ricos que se apoderam de uma parte do Orçamento do país. E eles se queixam daquilo que você está gastando com o povo pobre”.

Lula se elegeu prometendo “colocar o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda”. Os ricos concordam com a primeira parte do anunciado, mas com a segunda, não. Que Lula corte despesas.

Corte onde quiser – no dinheiro para Saúde, Educação, Cultura, Meio Ambiente, programas sociais, mas não mexa com os gastos tributários. É o conflito distributivo, uma guerra sem fim.

De que lado está o Congresso? Ora, do lado dos que têm recursos para financiar a eleição de deputados federais e de senadores, e arcar com outros gastos deles. Não basta o Orçamento Secreto.

Jamais deputados e senadores tiveram tanto dinheiro de emendas para remeter aos seus redutos eleitorais e embolsar parte dele em tenebrosas transações. Mas sempre querem mais, mais, e mais…

Um Congresso para além de conservador, na verdade reacionário, em aliança com a minúscula fatia dos brasileiros mais ricos, é um obstáculo difícil de ser ultrapassado. E o próximo Congresso deverá ser pior.

Hoje, há exatos 20 anos, morreu Leonel Brizola, personagem marcante da história política do Brasil. Frasista emérito, foi ele, em 1989, ao anunciar seu apoio a Lula contra Collor no segundo turno, que disse:

“Não seria fascinante fazer, agora, a elite brasileira engolir o Lula, este sapo barbudo?”

Mas também foi ele que disse durante o primeiro governo Lula:

“O povo brasileiro votou na mudança e vem recebendo continuísmo.”

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