O dilema de Tarcísio de Freitas: ser ou não ser bolsonarista de berço
É no que dá fazer sem querer o que lhe mandaram
atualizado
Compartilhar notícia
Se tivesse dependido só dele, Tarcísio de Freitas, ex-ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro, seria candidato ao Senado por São Paulo, e não ao governo como é.
Nem o ex-juiz Sérgio Moro, o herói da Lava Jato, conseguiu ser candidato ao governo de São Paulo. Por que logo Tarcísio, um carioca da gema, sem domicílio eleitoral no estado, conseguiria?
Mas Bolsonaro precisava de um candidato em São Paulo para chamar de seu e alavancar sua candidatura. Tarcísio conformou-se. Para ele, um ex-militar, missão dada, missão cumprida. Selva!
Ocorre que São Paulo não é para principiante. Bolsonaro nasceu lá, mas fez carreira política no Rio. Havia muitos bolsonaristas de raiz em São Paulo ambicionando a posição que caiu no colo de Tarcísio.
Para completar, Tarcísio preferiu um ex-colega de governo, astronauta no passado, para candidato ao Senado em sua chapa. E um ex-tucano, agora do PSD, para a vaga de vice.
Com o ex-tucano, Tarcísio atraiu o apoio de Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo, presidente do PSD, que já disse não haver hipótese de apoiar Bolsonaro para presidente. Irá de Lula.
Então, Tarcísio virou alvo do fogo dos bolsonaristas paulistas. Nem do PSL, partido que abriga Bolsonaro, ele é. Filiou-se ao REPUBLICANOS, que apoia Bolsonaro sem muito entusiasmo.
A desdita de Tarcísio aumentou com a agressão do deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos) à jornalista Vera Magalhães durante recente debate promovido pela TV Cultura.
Garcia compareceu ao debate como convidado de Tarcísio. Com receio de perder votos, Tarcísio solidarizou-se com Vera e chamou Garcia de idiota. E mentiu ao dizer que mal o conhecia.
A confusão está instalada. Os bolsonaristas relegados por ele subiram nos tamancos. A vida de Tarcísio, que já não era fácil, virou um inferno.