O comportamento muito estranho do almirante, portador das joias
O de Bolsonaro não foi estranho para seus padrões
atualizado
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O normal é que chefes de Estado, em visita oficial, troquem presentes. Os árabes são conhecidos por darem presentes caros. Eles podem ser enviados também por meio de embaixadas.
A embaixada de Cuba no Brasil repassava para o então presidente Fernando Collor os charutos especiais que lhe mandava Fidel Castro. Mesmo deposto, Collor seguiu recebendo os charutos.
O casal Bolsonaro não estava em Riad, capital da Arábia Saudita, quando um príncipe de lá, não se sabe qual, resolveu presenteá-lo com dois estojos de joias no valor total de quase R$ 17 milhões.
Quem estava em Riad era o almirante Bento Albuquerque, à época ministro das Minas e Energia. Ele conta que recebeu os estojos em caixas lacradas antes de embarcar de volta ao Brasil.
Trouxe-os sem conhecer o conteúdo. Estranho. Por que não os encaminhou à embaixada do Brasil naquele país? Na verdade, não os trouxe. Pediu a seus acompanhantes que o fizessem. Estranho.
A mala de um dos portadores foi revistada por agentes da Receita no aeroporto de Guarulhos, e uma das caixas apreendida. A outra entrou ilegalmente no país porque escapou à vigilância da Receita.
Descoberta a caixa com as joias de Michelle, o almirante tentou dar uma carteirada para liberá-la, mas não conseguiu. Sobre a outra caixa, nada falou aos agentes da Receita. Estranho.
Mais estranho: Albuquerque guardou a caixa com as joias destinadas a Bolsonaro durante um ano. Bolsonaro só as recebeu quando o almirante já não era ministro. Ele o demitira.
No dia em que as duas caixas foram entregues a Albuquerque em Riad, exatamente naquele dia, Bolsonaro almoçou em Brasília com o embaixador da Arábia Saudita na embaixada da Arábia Saudita.
Tudo muito estranho, estranhíssimo. Tem que ser investigado.