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O chão treme sob os pés de Doria, que ambiciona a Presidência

A rejeição ao nome do governador de São Paulo para a sucessão de Bolsonaro é grande de uma ponta à outra do país, e ele sabe disso

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Fábio Vieira/Metrópoles
João Doria apresenta a vacina Butanvac em SP
1 de 1 João Doria apresenta a vacina Butanvac em SP - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

Se Bruno Covas, prefeito de São Paulo, não tivesse morrido tão cedo, o governador João Doria contaria com um forte aliado para realizar seu sonho de disputar a sucessão do presidente Jair Bolsonaro no ano que vem, como candidato do PSDB. Mas não afastaria as gigantescas dificuldades que ele enfrenta.

Doria tem em mãos uma recente pesquisa nacional aplicada para seu próprio consumo. E os resultados foram péssimos para ele. A rejeição ao seu nome é enorme de uma ponta à outra do país, particularmente em São Paulo. No capítulo destinado a conferir as intenções do voto, ele não passaria, hoje, de 4% a 5%.

Entre outros motivos, dois são os que pesam mais contra ele. Doria é visto como um político não confiável, porque teria passado a perna em Geraldo Alckmin (PSDB), disputando o governo apenas dois anos após se eleger prefeito. E por trair Jair Bolsonaro, do qual afastou-se, depois de pegar carona na eleição dele.

Nem Alckmin, que concorreu à Presidência e perdeu feio, nem grande parte dos paulistas o perdoa. Doria é visto também, particularmente pelos paulistas, não como o pai da vacina que os imuniza, mas como um ambicioso que procura tirar vantagem da pandemia para se credenciar à Presidência.

Se tivesse travado a guerra da vacina com mais discrição, sem preocupar-se em aparecer tanto, teria maiores chances. No momento, não tem sequer para se reeleger governador. Ao atrair para sair do DEM e filiar-se ao PSDB o seu vice Rodrigo Garcia, Doria comprometeu-se a fazer dele seu sucessor.

Antônio Carlos Magalhães Neto, presidente do DEM, rompeu com Doria. A amigos, sob segredo, Garcia já confidenciou que carregar Doria nas costas na eleição para o governo de São Paulo poderá lhe custar muitos votos. Mesmo que mantenha distância dele, os adversários o apontarão como candidato de Doria.

Alckmin ameaça migrar para outro partido se não for o candidato do PSDB ao governo de São Paulo. As pesquisas indicam que ele é bem avaliado, mas há muita lembrança do seu nome nisso. Tucanos emplumados dizem que Alckmin não se reconhecerá no espelho se deixar o PSDB, onde fez carreira. A conferir.

Para complicar ainda mais a vida de Doria, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e o governador Eduardo Leite (PSDB-RS) parecem dispostos a concorrer com ele nas prévias do partido. Jereissati dá sinais de que está de fato interessado em bater-se com Bolsonaro. Se o escolhido for ele, o DEM o apoiaria.

A condição primária para que um candidato se lance à Presidência é arrumar antes sua própria casa – no caso, o seu estado. Esse será um desafio monumental para Doria. A casa o rejeita e ele carece da habilidade de unir pessoas e aparar divergências.

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