O caminho escolhido por Bolsonaro não tem retorno, nem ele quer
A insanidade do presidente é só aparente. Ele quer se reeleger, mas se não der, quer que o bolsonarismo tenha futuro
atualizado
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E se Donald Trump, em público, chamasse de filho da puta um ministro da mais alta Corte de Justiça dos Estados Unidos? Além de chocar o país e o mundo, o que lhe aconteceria?
E se não satisfeito, dissesse que parte da Corte “quer a volta da corrupção e da impunidade”? E se não bastasse, admitisse que poderá começar a jogar “fora das quatro linhas da Constituição”?
Mesmo Trump, que estimulou seus seguidores a invadirem o Capitólio para destruir os boletins eleitorais que registraram sua derrota, não iria tão longe com medo das consequências.
Aqui, ao que tudo indica, Bolsonaro irá. Ou crê de fato que o Exército chamado de seu intervirá diante de qualquer tentativa de tirá-lo do poder, ou o insucesso já não lhe importa.
A insanidade de Bolsonaro é só aparente. Desde já ele precisa construir uma narrativa para justificar a derrota em 2022. Haverá coisa melhor do que alegar que foi vítima do sistema?
Logo do sistema que prometeu destruir para pôr outro no lugar? O sistema seria a soma da Justiça com o Congresso e o poder econômico que agora parece abandoná-lo aos poucos.
Caso se reeleja, Bolsonaro quer fazer seu sucessor como Lula fez o seu. Fernando Henrique Cardoso não se interessou por isso. Se perder, Bolsonaro quer que o bolsonarismo tenha futuro.
Prosseguirá, pois, conscientemente na direção que escolheu e que não tem volta. Você duvida? Espere para ver.