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O Brasil poderia ter sido o primeiro país a vacinar, diz Dimas Covas

Atrasar a compra de vacinas provocou milhares de mortes pelo vírus, segundo o diretor do Butantan que depõe na CPI da Covid-19

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Dimas Covas_CPI da Covid
1 de 1 Dimas Covas_CPI da Covid - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Se você passa a 120 quilômetros por hora na frente de uma escola, arrisca-se a atropelar alguém. Se atropelar, mesmo que não fosse sua intenção, comete um crime, embora não doloso.

Dá-se o mesmo com o governo Bolsonaro, com qualquer governo que, diante de uma pandemia, não adota as medidas necessárias para combatê-la a tempo e a hora.

Na fase inicial da pandemia, quando o vírus ainda era um desconhecido, a Organização Mundial da Saúde recomendou lavagem de mão, uso de máscara e isolamento social.

Boa parte dos governos do mundo comprou a receita. Aqui, apesar dos esforços do ministro da Saúde da época, Luiz Henrique Mandetta, o governo não comprou. Governadores e prefeitos, sim.

Daí a intervenção do Supremo Tribunal Federal quando provocado: cumpram-se as decisões sanitárias de governadores e prefeitos, sem que o governo federal abdique de coordená-las.

Sábia intervenção pelo que se viu depois, e pelo que ainda se vê. Enquanto pôde, orientado pelo presidente, o governo minimizou os efeitos da pandemia e atrasou de propósito a compra de vacinas.

A CPI da Covid-19 está forrada de documentos que provam que o governo agiu assim. É o que mostram também os depoimentos colhidos até este momento, e muitos ainda virão.

No ano passado, a Pfizer fez sete ofertas de vacinas ao governo que totalizaram 70 milhões de doses. As primeiras doses poderiam ter sido entregues em dezembro. O governo recusou-as.

Dimas Covas, diretor do Instituto Butantã, que depõe hoje, disse que a primeira oferta da Coronavac foi feita em julho de 2020 ao Ministério da Saúde.

O Butantan acumulou, até dezembro, 5,5 milhões de doses de vacinas ignoradas pelo governo federal. O Brasil, segundo Covas, poderia ter sido o primeiro país a vacinar.

O que travou a compra da Coronavac foi a declaração de Bolsonaro de que ela não interessava ao seu governo, que iria à procura de outras. Demorou a ir. E acabou rendendo-se à Coronavac.

Mas aí milhares de mortes já haviam acontecido. São essas mortes que devem ser debitadas diretamente na conta do presidente. E outras milhares por vir com a chegada da terceira onda do vírus.

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