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Nunes Marques, o ministro do Supremo pau mandado de Bolsonaro

Sozinho, ele derruba duas decisões tomadas pelo Tribunal Superior Eleitoral por larga maioria de votos

atualizado

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Ministro do STF, Kassio Nunes Marques e Bolsonaro, durante Cerimônia de Sanção do Projeto de Lei que cria o Tribunal Regional Federal da 6ª Região 26
1 de 1 Ministro do STF, Kassio Nunes Marques e Bolsonaro, durante Cerimônia de Sanção do Projeto de Lei que cria o Tribunal Regional Federal da 6ª Região 26 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Tem um corpo estranho no Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Superior Eleitoral, que fizeram a opção de militar em defesa da democracia seguindo uma linha adotada pela Justiça alemã desde o fim do regime nazista de Hitler.

O corpo estranho tem nome: Kassio Nunes Marques, que há dois anos bateu à porta de Bolsonaro no Palácio do Planalto para pedir que fosse nomeado ministro da Justiça Federal. Para seu próprio espanto, dali saiu como ministro do Supremo.

Naquele mesmo dia, Bolsonaro foi à casa de Dias Toffoli, então presidente do Supremo, comunicar a sua escolha. E ela, afinal, se consumou com a aprovação do nome de Nunes Marques pelo Senado de maioria bolsonarista, e sua posse em seguida.

É verdade que Bolsonaro nomeou mais tarde para o Supremo o ministro “terrivelmente evangélico” André Mendonça, apoiado por sua mulher, a primeira-dama Michelle, que comemorou a escolha com saltinhos e gritos em línguas estranhas, uma cena memorável.

Mendonça já decepcionou Bolsonaro ao votar pela condenação e cassação do mandato do deputado bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ), acusado de atos hostis à democracia e ao Supremo. Nunes Marques jamais o decepcionou. Só tem feito a sua vontade.

O Supremo condenou Silveira por 10 votos contra 1 – de quem? Ora, de Nunes Marques, que se comportou na sessão como se não fizesse parte do tribunal, e, assim, como se não fosse alvo também dos ataques do deputado. Perante os colegas, ficou mal na foto.

Ficou pior ontem. De uma só tacada, para gozo de Bolsonaro, Nunes Marques, solitariamente, derrubou duas decisões tomadas por larga margem de votos pelo Tribunal Superior Eleitoral que cassaram o mandato de deputados bolsonaristas.

O ministro terrivelmente disciplinado garantiu ao deputado estadual Fernando Francischini (União Brasil-PR) a restauração de seu mandato. Francischini foi o primeiro parlamentar punido por compartilhar informações falsas sobre o processo eleitoral.

Em despacho publicado no final da noite, Nunes Marques sustou a cassação do deputado federal Valdevan Noventa (PL-SP), condenado por abuso de poder econômico durante as eleições de 2018. PL é o partido alugado por Bolsonaro para se reeleger.

Nunes Marques é ministro ao mesmo tempo do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral. Pergunte o que seus pares pensam sobre ele. Não pergunte. É unânime a opinião nos dois tribunais que Nunes Marques não passa de um capacho de Bolsonaro.

Se provocado, e o será, o Supremo, o mais depressa possível, vai desautorizar as duas decisões de Nunes Marques. Enquanto não o fizer, Bolsonaro se aproveitará delas para continuar fustigando os dois tribunais, considerados por ele seus principais inimigos.

Bolsonaro, caso se reeleja, nomeará mais dois ministros para o Supremo com a aposentadoria de Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. E poderá contar, ali, com 4 dos 11 votos. Que tal?

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