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Ninguém bebe gasolina para matar a fome

Sugestão para que o eleitor em outubro vote mais bem informado

atualizado

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Carro sendo abastecido - Metrópoles
1 de 1 Carro sendo abastecido - Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Um decreto de Bolsonaro publicado, ontem (7), na edição do Diário Oficial da União, obriga os postos de gasolina a expor os preços dos combustíveis cobrados antes e depois da entrada em vigor, no dia 23 de junho, da lei do teto do ICMS.

Segundo o decreto, os postos devem exibir, como o preço anterior ao teto do ICMS, o valor cobrado na véspera da entrada em vigor da lei, ou seja, 22 de junho. O decreto vale apenas até dezembro, mas não prevê penalidade para quem não o respeitar.

É um decreto feito sob medida para tornar os postos de gasolina gigantescos outdoors da campanha de Bolsonaro. E também para jogar os bolsonaristas mais radicais contra os postos que não atenderem ao que manda o decreto meramente eleitoreiro.

Por que não se faz a mesma coisa com os preços dos alimentos? Bolsonaro diz que o país está em estado de emergência e, por isso, ele pode furar a Lei de Responsabilidade Fiscal, desconhecer o que está na Constituição, e distribuir dinheiro a rodo para se reeleger.

O Congresso lhe dá razão. O Senado aprovou por 70 votos a 1 a Proposta de Emenda à Constituição chamada de PEC Kamikaze, para beneficiar nichos de eleitores bolsonaristas e tentar comprar o voto dos mais pobres. A Câmara aprovará a PEC em breve.

Escolha-se uma data qualquer de janeiro para cá, por exemplo. Monte-se uma tabela com o preço dos principais alimentos naquela data e compare-se com o preço cobrado hoje. A tabela deve ser atualizada a cada dia ou a cada semana até outubro.

É menos trabalhoso do que parece. E ponha-se a tabela a circular nas redes sociais com o aval de entidades com reconhecida fé pública. Uma espécie de consórcio. Foi um consórcio de veículos de imprensa que melhor informou sobre a pandemia.

Lembre-se que quando a Covid-19 começou a matar muita gente porque o governo preferia ignorá-la, o Ministério da Saúde passou a atrasar a divulgação dos números oficiais de casos da doença e de óbitos. Aí entrou em cena o consórcio dos veículos da imprensa.

A democracia só tem a ganhar se o eleitor fizer sua escolha em outubro mais bem informado.

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