Na cidade do apagão, o prefeito Ricardo Nunes apaga durante debate
Ele não foi mal treinado, apenas não aprendeu o que lhe ensinaram
atualizado
Compartilhar notícia
Se debate ganhasse eleição, Guilherme Boulos (PSOL) sucederia Ricardo Nunes (MDB) como prefeito de São Paulo. O debate de ontem à noite, na BAND, foi o primeiro de uma série ainda sem tamanho. Se depender de Nunes, ele comparecerá só a mais três: o da Rede TV, o da Record e o da Globo.
Para o gosto de Boulos, em desvantagem nas pesquisas de intenção de voto, ele debateria com Nunes todos os dias até o final da campanha. No primeiro debate do segundo turno, Boulos massacrou Nunes, o sem carisma, que deve ter faltado às aulas de de linguagem corporal. Boulos parecia sozinho no palco.
Boulos ganhou de lavada o primeiro bloco do debate; ganhou o segundo por pontos, e voltou a ganhar o terceiro com folga. Valeu-se de uma técnica muito comum a essas ocasiões: pautou seu adversário. Elegeu os temas que lhe eram mais favoráveis e obrigou Nunes a dissertar sobre eles. O prefeito caiu na armadilha.
Em debates realizados em altas horas da noite, o primeiro bloco é o que costuma atrair maior audiência – nos blocos seguintes, a audiência diminuiu porque parte do distinto público, por cansaço ou desinteresse, troca de canal ou vai dormir. Era natural que o primeiro bloco tratasse do apagão de energia na capital paulista.
Passadas 72 horas desde o temporal que atingiu a região metropolitana de São Paulo na última sexta-feira, ainda há 338 mil imóveis sem energia elétrica na área de atuação da Enel. A empresa promete normalizar o fornecimento em três dias. Os paulistas, e com razão, estão fulos da vida.
É o segundo apagão em 11 meses. Há previsão para novas pancadas de chuva ao longo desta semana. Na capital paulista, é possível que o fenômeno aconteça a partir desta quarta-feira (16/10). Portanto, Nunes deveria ter-se preparado para responder às perguntas de forma satisfatória. Mas, não. Ele também apagou.
Ficará do debate a imagem de um candidato acuado que preferiu fugir de todas as perguntas embaraçosas, e que desafiado, três ou quatro vezes, a responder se abriria mão do seu sigilo fiscal porque dizia não ter o que esconder, não respondeu. Nunes não deve ter sido mal treinado. Apenas não aprendeu o que lhe ensinaram.