Muitas pedras rolarão até que a Câmara eleja seu novo presidente
Lula finge que não está nem aí
atualizado
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Esta é uma história que ainda hoje, quase 20 anos depois, Lula gosta de contar. À época presidente da República pela primeira vez e em visita aos Estados Unidos, ele foi acordado em Nova Iorque por um telefonema na madrugada do dia 15 de fevereiro de 2005.
O deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), membro do chamado baixo clero, acabara de ser eleito presidente da Câmara. Derrotara no segundo turno por larga margem de votos (300 a 195) o candidato oficial do PT, o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh.
Foi um espanto para Lula, mas não somente para ele. Dava-se como certa a vitória de Greenhalgh que obteve 207 votos no primeiro turno. Acontece que o deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) disputou a eleição como candidato avulso, atraindo 117 votos.
Mal recuperou-se da notícia, o que fez Lula? Foi ao banheiro, lavou o rosto, pediu uma ligação para Cavalcanti, parabenizou-o pela vitória e se ofereceu para ajudá-lo. O que Cavalcanti queria era indicar um afilhado para “a diretoria da Petrobras que fura poço”.
Lula atendeu-o. E os dois passaram a tocar de ouvido. Até que sete meses depois, para não ser cassado, Cavalcanti renunciou ao cargo. Descobriu-se que ele recebia a mesada de 10 mil reais por mês de um concessionário de restaurante na Câmara.
Em fevereiro próximo, como a cada dois anos, a Câmara elegerá um novo presidente. Outro dia, Jaques Wagner (PL-BA), líder do governo no Senado, disse que não há a menor hipótese de Lula perder essa eleição pelo simples fato de que não se meterá nela.
A ver-se com os dados hoje disponíveis, o sucessor de Arthur Lyra (PP-AL), atual presidente, poderá ser o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), que já conta com o apoio do PT de Lula, do PL de Bolsonaro, MDB, PP e Podemos.
Há pelo menos dois ministros do Supremo Tribunal Federal e um do Superior Tribunal de Justiça em campanha para eleger Motta. Lula liberou o PT para apoiar quem quiser. Pretende observar tudo de longe. Mas sabe que ainda faltam três meses para a eleição.
Rolarão muitas pedras até lá.