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Moro escapa de morrer no governo de quem pensou em ferrá-lo

Um dia de glória efêmera para a oposição

atualizado

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Imagem colorida do senador Sergio Moro (União-PR), no plenário do Senado Federal
1 de 1 Imagem colorida do senador Sergio Moro (União-PR), no plenário do Senado Federal - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

A tentação de culpar Lula pelo crescimento do crime organizado no país é grande e em breve atrairá vozes estridentes. Algumas delas já reclamam da incapacidade do governo de devolver a paz ao conflagrado estado do Rio Grande do Norte.

Mas como não foi Lula que governou o país nos últimos 4 anos, nem nos últimos 8, nem nos últimos 12, talvez soe precipitado crucificá-lo. Também não foi ele que estimulou a população a se armar sabendo que parte das armas cairia nas mãos de criminosos.

Bem, mas Lula, que agora chora por tudo, cometeu a incontinência verbal de revelar o que respondia, quando preso, a quem lhe perguntava como estava passando. Invariavelmente, ele dizia:

“Só vai ficar bem quando eu foder com o Moro”.

Se pode servir de consolo a Lula, dá para inferir que ele não sabia que no dia seguinte a Polícia Federal iria prender integrantes do PCC, a facção mais famosa do crime organizado, que planejavam matar o ex-juiz Sérgio Moro e outras autoridades públicas.

E não era para saber. Como órgão de Estado, a Polícia Federal não informa com antecedência a ninguém sobre o que fará amanhã ou daqui a pouco, nem mesmo ao ministro da Justiça ao qual está subordinada, quanto mais ao presidente da República.

É razoável supor que se Lula tivesse sido informado sobre a operação, calasse sobre o que lhe passava pela cabeça nos 580 dias de prisão em Curitiba. Seus instintos mais primitivos estavam à flor da pele. Ele queria vingar-se do juiz parcial que o condenara.

Que ironia! Lula só pensava em “foder” Moro. Pois foi no seu governo que Moro escapou de morrer. Se Moro tivesse sido assassinado culpariam o governo. Como foi avisado há dois meses e era protegido, culpam o governo da mesma forma. Quem culpa?

Os derrotados nas eleições passadas que afinal viveram um dia de glória depois de semanas sob o sufoco do escândalo das joias enviadas de presente pela ditadura da Arábia Saudita para o casal Bolsonaro – um agradinho no valor de quase 17 milhões de reais.

Direto dos Estados Unidos, onde se refugiou com medo de ser preso, Bolsonaro deu a senha para que seus seguidores malhassem Lula, o governo e o PT por conta do que não aconteceu a Moro. Escreveu no Twitter, ou Carlos, o Zero Dois, escreveu por ele:

“Em 2002, Celso Daniel. Em 2018, Jair Bolsonaro e agora Sérgio Moro. Tudo não pode ser só coincidência. O poder absoluto a qualquer preço sempre foi o objetivo da esquerda”.

No Senado, Moro que saiu do governo passado acusando Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal, discursou:

“Gosto de uma frase em sentido metafórico. Se vêm para cima da gente com uma faca, temos de usar um revólver. Se usam revólver, temos de vir com metralhadora. Se têm metralhadora, temos que ter um tanque ou um carro de combate.”

Deveria ter dito isso a Bolsonaro à época em que era seu ministro da Justiça. Vai ver que o disse e Bolsonaro não ligou. Os dois fizeram as pazes e estão numa boa.

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