Ministro autentica para grevistas vídeos gravados por Bolsonaro
Caminhoneiros fazem o presidente passar pela humilhação de procurar um avalista para mensagens que ele lhes enviou
atualizado
Compartilhar notícia
Estava feia a coisa para o presidente Jair Bolsonaro até a hora em que foi dormir ontem, se é que conseguiu. Bolsonaro padece de insônia crônica. Deixa a mulher na cama, refugia-se no closet do quarto e dali, tendo como pano de fundo vestidos e sapatos de dona Michelle, dispara e recebe mensagens pelo celular.
Caminhoneiros autônomos, seus aliados, entraram em greve e começaram a interromper o trânsito em estradas federais de 15 estados. Querem mais benefícios além dos que já receberam. Mais cedo, em conversa com devotos no Palácio da Alvorada, Bolsonaro havia prometido atendê-los em troca do fim da greve.
Os grevistas souberam disso por meio de vídeo que circulou nas redes sociais. Desconfiados de que o vídeo fora editado, cobraram de Bolsonaro a gravação de outro, repetindo o que dissera no anterior. O presidente rendeu-se à exigência, fez tudo direitinho, mas ainda assim os caminhoneiros não se deram por satisfeitos.
Então, Bolsonaro mandou que o ministro Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, gravasse um vídeo afiançando que os dois vídeos eram, sim, verdadeiros. Constrangido, em seu gabinete de trabalho e ao lado de uma bandeira do Brasil, o ministro abriu assim a sua fala na condição de avalista da palavra presidencial:
Olá, 8 de setembro, já passa das 10 e 38 da noite, e nos grupos de caminhoneiros muita gente está questionando se um áudio que vazou do presidente da República é real e se esse áudio é atual, se é de hoje. Bom, esse áudio é real, é de hoje e mostra a preocupação do presidente com a paralisação.
Acreditarão os caminhoneiros na palavra do ministro que autenticou a palavra de Bolsonaro por duas vezes gravadas? E se acreditarem, darão a greve por terminada? Ou estabelecerão novas condições para tal, outra vez dando prova de que temem ser enganados pelo presidente? Saberemos ao longo do dia de hoje.