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Milei na Argentina e Trump nos EUA, o eixo do mal para Lula

A festa da extrema direita mundial em Buenos Aires

atualizado

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Trump, Milei e Bolsonaro
1 de 1 Trump, Milei e Bolsonaro - Foto: Reprodução

Está mal-informado quem disser que sabe como Javier Milei, o ultra qualquer coisa, governará a Argentina a partir das 11 horas desta manhã. Porque Milei não é um, são muitos. E não se sabe qual Milei irá subir as escadarias da Casa Rosada.

Talvez ele intua, mas não saiba ao certo. Definitivamente, não será o Milei que passou a campanha inteira, de motosserra na mão, prometendo decapitar a “casta” – a classe política e econômica que nasceu com o peronismo há mais de 40 anos.

Milei aposentou o Milei do motosserra na noite de sua vitória. Sem partido, sem experiência, sem apoio no Congresso, aderiu à casta ou à parte dela, e ela a ele. Não fosse assim, perderia a eleição, e se ganhasse, não duraria muito no poder.

Na Argentina tudo é possível. Ela já teve cinco presidentes da República em uma semana. A Argentina acumula inflação de 142% nos últimos 12 meses, e a taxa de pobreza chegou a 43%, tendo aumentado 7% em menos de dois anos.

O dólar paralelo, chamado de “blue”, passou os três dígitos e chegou a uma cotação de mais de mil pesos para 1 dólar. É o dólar “blue” que determina o preço dos produtos e serviços. Se o dólar sobe, os preços sobem, mas os salários, não.

Desde o triunfo de Milei, políticos, analistas e pessoas comuns lutam para compreender como será o futuro da Argentina sob o tacão de um forasteiro amante de palavrões e considerado uma pessoa imprevisível. Não há consenso a respeito.

Milei prometeu dolarizar a economia, mas já recuou; fechar o Banco Central, mas já recuou; extinguir os ministérios da Saúde e da Cultura, mas já recuou. Anunciou que queria distância do Brasil de Lula, mas parece ter se arrependido.

A extrema direita mundial está em festa, e vários dos seus nomes mais ilustres desembarcaram em Buenos Aires para a posse de Milei – entre eles, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

Também estão por lá o ex-candidato presidencial chileno José Antonio Kast, o líder do partido espanhol Vox, Santiago Abascal, o líder da emergente extrema direita mexicana, o outsider Eduardo Versáteis, e, sim, Bolsonaro e sua trupe.

Orbán postou nas redes sociais:

“Estamos em Buenos Aires para comemorar a grande vitória do presidente @JMilei. Tive o prazer de conhecer meu grande amigo, presidente @jairbolsonaro. A direita está crescendo não só na Europa, mas em todo o mundo!”.

Agradecido pela citação, Bolsonaro respondeu:

“O prazer é meu, Primeiro Ministro. É sempre bom te ver e é incrível ler essas palavras!   !”.

As articulações de Milei com aliados estrangeiros, como Orbán, Bolsonaro e Kast, preocupam Lula. Se Donald Trump se eleger presidente em 2024, um provável eixo Washington-Buenos Aires terá enorme impacto na região.

Pesquisa encomendada pelo Wall Street Journal e revelada ontem mostra Joe Biden com o índice de aprovação mais baixo da sua presidência. Trump aparece à frente de Biden com quatro pontos percentuais (47% a 43%).

Não só por isso, Lula admitiu na conferência nacional do PT realizada em Brasília:

“Está difícil governar”. 

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