Meia volta, volver!Brasil é neutro na guerra da Ucrânia, diz Bolsonaro
Embaixador junto a ONU havia condenado a invasão na última sexta-feira
atualizado
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À caça de votos para se reeleger, Bolsonaro visitou Putin em Moscou e se disse solidário à Rússia para agradar o pessoal do agronegócio que importa fertilizantes de lá. De resto, Bolsonaro admira Putin como governante mão de ferro. E precisava mostrar que não está tão isolado assim como dizem seus adversários.
Se negócios são negócios, ele deveria vestir a camisa da China, nosso maior parceiro comercial no mundo. Acontece que a China se diz comunista, e a Rússia não é. Sem Donald Trump, Bolsonaro perdeu em quem se espelhar. Putin é o governante autoritário que Bolsonaro sonhou ser um dia, e ainda sonha.
Pressionado pelos Estados Unidos e países da Europa, Bolsonaro cedeu a autorizou Ronaldo Costa Filho, embaixador do Brasil junto à ONU, a condenar a invasão russa à Ucrânia. Então, o embaixador disse na última sexta-feira:
“As preocupações de segurança manifestadas pela Rússia nos últimos anos, particularmente em relação ao equilíbrio estratégico na Europa, não dão à Rússia o direito de ameaçar a integridade territorial e a soberania de outro Estado”.
Nem bem haviam se passado 48 horas, depois de mais um dia de sol na praia do Guarujá, Bolsonaro voltou a alinhar-se a Putin. Criticou quem chama a guerra na Ucrânia de massacre. E defendeu o direito de Putin de ocupar regiões separatistas da Ucrânia:
“Eu entendo que não há interesse por parte do líder russo de praticar um massacre. Ele está se empenhando em duas regiões do Sul da Ucrânia que, em referendo, mais de 90% da população quis se tornar independente”.
“Nós queremos a paz, [somos] pela neutralidade. Não quero trazer sofrimento para nossa Nação. Uma decisão minha pode trazer sérios prejuízos a agricultura do Brasil. Como já disse, a cada cinco pessoas no mundo, uma é alimentada pelo Brasil”.
À falta de notícias positivas para Putin, a imprensa russa deu farta publicidade às declarações de Bolsonaro, que, não satisfeito com o que dissera, debochou do presidente da Ucrânia:
“O comediante que foi eleito presidente da Ucrânia, o povo confiou em um comediante para traçar o destino da nação. Eu vou esperar o relatório da ONU para emitir a minha opinião”
Bolsonaro, boca de aluguel de Putin e do agronegócio, arrisca-se a virar um pária, se já não é.