Marta Suplicy, ameaçada de perder e à beira de um ataque de nervos
Eleição municipal é uma coisa, a presidencial outra
atualizado
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A prefeita Marta Suplicy (PT), de São Paulo, pirou. Ou então cedeu ao desespero da derrota que por ora se anuncia. Sabem o que ela disse hoje pela manhã? Coisas tais como:
* uma eventual vitória da oposição em São Paulo significará a instalação de uma crise política no país;
* o objetivo da candidatura de oposição (leia-se: José Serra, PSDB) é utilizar a Prefeitura de São Paulo como instrumento de oposição ao governo federal. “É a abertura da própria sucessão presidencial”, sustentou;
* “independentemente das manifestações em contrário, a transformação de São Paulo em alicerce da oposição ao governo federal levará ao acirramento da disputa política e não à convergência necessária para as reformas que precisam ser implementadas”;
* “cabe à sociedade escolher qual será o caminho para os próximos dois anos: o da união e aprofundamento da atual política econômica ou (o caminho) do estado de crise política se alastrando”.
Quando a ditadura militar de 64 chegava ao fim, quando o presidente João Figueiredo já não mandava como seus antecessores, ouvi frases semelhantes ditas por líderes do partido do governo diante da ameaça de uma derrota eleitoral.
Não haverá crise política alguma se Serra for eleito. Se os paulistas o elegerem não escolherão o caminho do agravamento da crise política. Estarão apenas elegendo quem lhes pareceu o melhor candidato.
A política econômica de Lula é filha legítima da política econômica de FHC – com uma diferença: é muito, muito mais dura.
A sucessão de Lula não será aberta com uma eventual vitória de Serra até porque ela já está aberta. E foi aberta pelo próprio presidente, por alguns dos seus ministros e por líderes do PT.
Nada demais que seja assim. Isso não impede nem impedirá Lula de governar. Até onde a vista alcança, Lula é hoje o candidato favorito disparado à sua própria sucessão. E só será derrotado se cometer muitas e grossas besteiras até lá. Como Marta cometeu até aqui.
Baixou em Marta o espírito da atriz Regina Duarte – aquela que apareceu no programa de Serra em 2002 tentando assustar os brasileiros com o medo da mudança. Não deu certo então. Como não dará agora.
Em 1996, o PSDB do presidente FHC perdeu a prefeitura de São Paulo para o candidato de Maluf, Celso Pitta. Dois anos depois, FHC se reelegeu presidente. Poderá acontecer também com Lula.
(Publicado aqui em 8 de setembro de 2004)