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Lula reage rápido no caso de Silvio Almeida, mas com atraso

Bolsonaro celebra

atualizado

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Divulgação/Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania
Silvio Almeida e Lula
1 de 1 Silvio Almeida e Lula - Foto: Divulgação/Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania

Está tudo muito bom, está tudo muito bem, mas por que Lula demorou tanto a agir no caso do ex-ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos, acusado de assediar sexualmente a ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, e quem mais?

Para proteger o Almeida, respeitado filósofo e ativista político? Para não desgastar a imagem do governo sob a mira permanente dos seus adversários? Por desatenção, pura negligência? Ou por pensar que a verdade nunca viria à tona ou demoraria a vir?

Este é um ano de eleições, e o governo e o seu partido enfrentarão sérias dificuldades para vencer. Nas capitais, com candidato próprio, só lideram as pesquisas de intenção de voto em Teresina. Em 2026, arriscam-se a ver a oposição fazer maioria no Senado.

Desde junho pelo menos, à boca pequena, circulava em Brasília, e fora dela, a história de um membro importante do governo que dera em cima de uma de suas colegas. Nenhuma autoridade confirmou. Sem se identificar, algumas até desmentiram.

Janja, a primeira-dama, amiga de Anielle e madrinha de sua nomeação, soube de tudo há mais de um mês. Se soube, é razoável supor que ela contou ao marido. Foi preciso que uma ONG, a Me Too Brasil, denunciasse o caso para que ele se tornasse público.

Diante do escândalo, Lula finalmente bateu na mesa e livrou-se rapidamente da companhia incômoda de Almeida. Ainda lhe ofereceu a saída honrosa de pedir demissão, mas o ex-ministro recusou. Então demitiu-o. O ato está publicado no Diário Oficial.

De todo modo, o desgaste sempre haverá para o governo; é inescapável. Bolsonaro, em comício, ontem, em Juiz de Fora, cidade onde foi esfaqueado em 2018, comentou a propósito:

“Agora temos um ministro que deveria dar exemplo e acaba sendo acusado de assédio sexual. Uma vergonha”.

Foi a senha para seus seguidores trilharem o mesmo caminho. Não que eles só batam no governo quando Bolsonaro manda. Se eles obedecessem às ordens de cima como no passado recente, não teriam migrado para a candidatura de Pablo Marçal a prefeito.

Procurei no Google declarações de Bolsonaro sobre Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica entre janeiro de 2019 e junho de 2022, e acusado de assediar sexualmente meia dúzia de suas subordinadas, mas não encontrei. Não me lembro de uma só.

Em abril de 2023, Guimarães se tornou réu por assédio sexual e moral depois que a Justiça Federal de Brasília aceitou denúncia do Ministério Público Federal contra ele. Casos de assédio tramitam em segredo. Assim deverá acontecer se Almeida for denunciado.

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