Lula espera a passagem do Carnaval para mexer no seu ministério
Tudo que parece sólido desmancha no ar
atualizado
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A impressão é que Lula escolheu com certo esmero as peças-chaves do seu governo, goste-se delas ou não. E depois, dada a complexidade da tarefa mesmo para um político experiente, como ele, ou por saber que tudo na vida é provisório, preencheu as demais vagas menos atento aos reais méritos de cada um.
De saída, serão 37 ministros. Lula teve menos de 60 dias para escalá-los, descontados aqueles em que viajou ao Egito e a Portugal e compareceu a cerimônias obrigatórias. Ademais, o número de aspirantes a entrar em campo foi extraordinariamente superior às suas expectativas e aos cargos disponíveis, daí sua ampliação.
O Congresso deu-lhe recursos para começar a governar; o Supremo Tribunal Federal aplainou o terreno ao limar o Orçamento Secreto, arma de Bolsonaro que satisfez o apetite do Centrão e afastou o fantasma do impeachment. Mas só quando o Carnaval passar é que ele Lula fará ideia de sua real força.
No próximo dia 2, Senado e Câmara dos Deputados elegerão seus presidentes, vices, secretários e integrantes de comissões técnicas. Até lá, o movimento das placas tectônicas produzirá mudanças em todos os cálculos sobre o tamanho do apoio com o qual contará o governo dentro do Congresso para reconstruir o país.
Em suma: com defeitos e virtudes, este foi o ministério possível dadas as circunstâncias. Em breve, ele terá de adequar-se à realidade que emergirá das urnas e das composições feitas no Senado e na Câmara. Lula sabe muito bem disso. Democracia para sempre é assim. E eleições, aqui, acontecem a cada dois anos.
Já estávamos quase, quase nos acostumando a um governante com vocação de ditador. Felizmente, com medo de ser preso, ele acabou em Orlando. Que descanse em paz!