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Lula conta os meses que faltam para dar adeus a Arthur Lira

Governo celebra o adiamento de uma derrota

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1 de 1 PT Lira Lula - Foto: <p>IGO ESTRELA/Metropoles<br /> @igoestrela</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-geral-quadrado-1"></div></div> </p>

O governo Lula comemora quando consegue adiar uma derrota no Congresso. Aconteceu outra vez ontem à noite, com a sessão destinada à análise de vetos presidenciais.

Um dos itens é o veto de Lula à regra instituída na Lei de Diretrizes Orçamentárias que cria um calendário para o pagamento das chamadas emendas impositivas, de pagamento obrigatório.

Outro, o veto de Lula ao artigo do projeto já aprovado pelo Congresso que impede a saidinha de presos para visitar familiares em feriados e outras datas especiais, como Dia das Mães e o Natal.

“Não havia um mínimo consenso em relação a tudo quanto havia de vetos nesta sessão”, disse Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, que espera que isso aconteça nos próximos 10 dias.

O anúncio do adiamento ocorreu pouco após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entregar à Câmara a primeira proposta de regulamentação da reforma tributária.

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), não disfarçou sua felicidade com a decisão de Pacheco:

“Pelo bem da República, foi adiado. O entendimento e o diálogo são pressupostos para sustentar a relação democrática entre Executivo e Legislativo”.

Governo de minoria no Congresso se vale de tais artifícios para empurrar possíveis derrotas com a barriga ou torná-las menos indigestas. Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, não gostou.

Mais cedo, empenhado em que houvesse sessão, Lira comentou:

“Penso que já houve tempo suficiente para que as bancadas maturassem sobre os vetos e para que o governo discutisse com os partidos. É melhor que nós resolvamos logo”.

Pacheco atuou a favor do governo, o que ele nem sempre faz. Lira, contra, como de costume. Lira reuniu-se com Lula no Palácio da Alvorada no último domingo à noite.

Lula disse que não foi uma reunião, mas um encontro de “dois seres humanos”. A diferença, segundo ele: reunião com Lira presidente da Câmara implicaria a presença de líderes do governo no Congresso.

Conversa mole. Só se fosse uma reunião formal. Foi um encontro dos dois para aparar arestas. Lira criticara Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, dizendo que ele era seu “desafeto pessoal”.

Depois do encontro com Lula no Alvorada, para demonstrar sua inexistente boa vontade com o governo, Lira deu o dito pelo não dito. Ou seja: disse que Padilha não é mais seu “desafeto pessoal”.

Quem pariu Lira que o embale. Só os querubins são capazes de acreditar que Lira e Lula, daqui para frente, passarão a tocar de ouvido. Seus interesses são inconciliáveis.

Lula sonha com um presidente da Câmara para o qual possa telefonar com a certeza de que será atendido. Lira sonha com um presidente da República que faça suas vontades.

Lula está em vantagem. Faltam nove meses e poucos dias para que a Câmara eleja seu novo presidente. O mandato de Lula irá até 2026, podendo ser renovado por mais quatro anos.

Em recente café da manhã com jornalistas, Lula fez acenos a Lira e a Pacheco, que conta com o apoio do PT para candidatar-se a governador de Minas Gerais em 2026:

“Os presidentes do Senado e da Câmara não precisam do presidente da República para tocar o Congresso. Sou eu que preciso deles”.

Para Lula, é novidade governar com um Congresso forte e hostil. Não está sendo fácil para ele. Lula espera que seja menos difícil do próximo ano em diante. Sonhar não custa.

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