Até aqui, do ponto de vista do marketing político, da variedade de imagens bem cuidadas e do uso da emoção porque ela é quem decide o voto, e não a razão, o programa de propaganda de Lula na televisão dá um banho no programa convencional de Bolsonaro.

O problema é: só quem já definiu seu voto e gosta de política é que assiste ao programa eleitoral do seu candidato. A grande massa do distinto público só é atingida acidentalmente pelos comerciais dos candidatos inseridos ao longo da programação da tv e da rádio.

Cadê o comercial de Lula, ou de Ciro Gomes ou de Simone Tebet sobre o presidente mais mentiroso da história do Brasil? Levantamentos mostram que Bolsonaro já mentiu mais de 6 mil vezes, e sobre qualquer coisa. Ninguém o supera nesse campo.

Na igreja de São Sebastião, ou de qualquer outro santo, todo mundo fala sobre ele – o sacristão, o padre, os devotos. Só São Sebastião não fala. Lula não precisa gastar a voz que lhe resta porque tem quem fale por ele, sobre o que já fez ou o que fará.

De tanto Michelle falar, sem ser rebatida, que o marido foi quem fez a obra da transposição das águas do rio São Francisco para dar de beber e irrigar o Nordeste, muita gente acaba acreditando. Mais de 80% da obra foi feita nos governos Lula e Dilma.