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Lula apanha quando erra, mas apanha também quando acerta

É do jogo. Só os de casco duro sobrevivem

atualizado

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Ricardo Stuckert/PR
Presidente Lula ao telefone - Metrópoles
1 de 1 Presidente Lula ao telefone - Metrópoles - Foto: Ricardo Stuckert/PR

Sempre disseram que Lula, o 1, 2 e agora o 3, nunca teve uma palavra de condenação às ditaduras de esquerda. Foi assim quando Fidel Castro, em Cuba, e Hugo Chávez, na Venezuela, estavam vivos. Sem falar de Daniel Ortega, na Nicarágua, um ex-guerrilheiro de esquerda que segue vivo e no poder.

Saddam Hussein, ditador sanguinário do Iraque, deposto e enforcado pelos Estados Unidos, foi cultivado pelos militares brasileiros que aqui implantaram uma ditadura que duraria 21 anos. À sua época, Saddam era tratado por nossas elites políticas e econômicas como um bom amigo do Brasil.

Lula dá sinais de que evoluiu. Na semana passada, ele que nunca se furtou a interferir em assuntos de outros países, defendendo candidatos de esquerda, deu a entender que não fará mais isso:

“Por que eu vou querer brigar com a Venezuela? Por que eu vou querer com Nicarágua? Por que eu vou querer com a Argentina? Eles que elejam os presidentes que quiserem. O que me interessa é a relação de Estado para Estado, o que que o Brasil ganha e o que que o Brasil perde nesta relação”.

No final de junho último, sem que tenha sido criticado, de alguma forma Lula tentou interferir ao comentar a eleição americana de novembro:

“Como democrata, estou torcendo para que o Biden saia vitorioso. E, se ele ganhar, já conheço ele, e já tenho uma relação sólida com os Estados Unidos, que pretendo manter.”

Quanto a Donald Trump, talvez mais pelo prazer de bater indiretamente em Bolsonaro, Lula disse na mesma ocasião:

“Se o Trump ganhar, a gente não sabe o que ele vai fazer. Ele não é presidente do mundo. Então, essas pessoas que fazem muitas bravatas, eu, sinceramente, não gosto”.

Recente fala de Nicolás Maduro, ditador travestido de presidente da Venezuela, fez Lula atacá-lo diretamente pela primeira vez:

“Fiquei assustado com a declaração do Maduro dizendo que se ele perder as eleições vai ter um banho de sangue. Quem perde as eleições toma um banho de voto, não de sangue”.

“O Maduro tem que aprender: quando você ganha, você fica, quando você perde, você vai embora. Vai embora e se prepara para disputar outra eleição”.

Maduro acusou o golpe. Sem citar Lula, disse que prevê, para “aqueles que se assustaram” com sua declaração, a maior vitória eleitoral do chavismo na Venezuela. E completou:

“Que tome um chá de camomila”.

Chá de camomila é um calmante e sedativo natural; alivia o estresse e ajuda a dormir. Banho de sangue não é bom para os que o aplicam porque eles jamais esquecem e jamais serão esquecidos.

Lula merece elogios por advertir Maduro de que um banho de sangue na Venezuela, caso o chavismo seja derrotado nas eleições do próximo domingo, não será tolerado pelo Brasil.

Mas, não. Seus adversários o criticam por só agora ele ter dito o que disse. Ou Lula reza contrito pela cartilha da direita que se diz civilizada ou seguirá apanhando dos seus porta-vozes.

É do jogo. Só os de casco duro sobrevivem.

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