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Levantem-se contra a banalização do mal que nos ameaça

Se não por vocês, mas por seus filhos, netos e os filhos deles

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Patrick Rodrigues
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1 de 1 creche-blumenau-6-metropoles - Foto: Patrick Rodrigues

Apela-se à filósofa alemã Hannah Arendt sempre que um ato maligno choca a todos por sua brutalidade e carece de explicação para ser entendido, o que não significa normalizado.

Foi ao escrever sobre o julgamento do oficial nazista Otto Adolf Eichmann”, um dos organizadores do Holocausto, que ela cunhou uma expressão que ficaria famosa – a “banalização do mal”.

Arendt concluiu que o mal praticado por ele não era demoníaco, mas um mal constante, parte da rotina dos oficiais nazistas como instrumento de trabalho. Ele cumpria ordens.

Durante o julgamento que o condenaria a morrer enforcado, Eichmann dizia, e de fato acreditava, que seguia o certo, o governo e as leis do Estado, e que por isso era inocente.

O homem de 25 anos que assassinou à machadinha e a facadas 4 crianças numa creche de Blumenau, em Santa Catarina, e feriu 5 disse à polícia que cumpriu ordens de outro que o ameaçou.

Parece mais razoável que tenha agido sob o estímulo do discurso do ódio, da intolerância e do preconceito que a extrema-direita propaga abertamente nas redes sociais, e não só no esgoto delas.

Mentes doentes não racionalizam. Confundem violência com coragem. Os que se sentem marginalizados e injustiçados pela vida que levam são presas fáceis do desejo de vingança.

É previsível que haja novos ataques a creches e escolas pelo país. O efeito imitação é poderoso. É tão certo como esperar que nos Estados Unidos, a essa hora, um atirador esteja matando a esmo.

Levantamento da Universidade de São Paulo registra que 22 ações violentas contra unidades de ensino aconteceram no Brasil desde 2002 – metade delas de 2022 para cá. Total de mortos: 40.

O celular já foi um artefato inocente. A internet, um meio que daria voz aos que não tinham voz, aproximando as pessoas e as incentivando a se entenderem; um ideal do paraíso.

Enquanto as redes sociais não forem reguladas, e se dependerem dos seus donos jamais serão, elas continuarão servindo de pasto viçoso para alimentar os instintos humanos mais viscerais.

Não basta regulá-las. Nem apenas cobrar dos governos medidas de reforço à segurança pública. É preciso que caia a ficha da sociedade e que nos mobilizemos para enfrentar a banalização do mal.

Mais educação. Mais saúde. Mais renda para quem tem pouca, o que quer dizer menos desigualdade. Mais rigor na venda de armas. Mais mão pesada da justiça no julgamento de crimes bárbaros.

E fé. Sim, acreditar que ainda é possível a construção de um mundo melhor. Sem esperança, só andaremos para trás.

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