Joe Biden, ou Joe Genocida, arrisca-se a ir mais cedo para casa
Embora encrencado com a Justiça, Donald Trump está rindo à toa do seu adversário
atualizado
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O presidente Joe Biden, que a ala à esquerda do Partido Democrata chama em voz baixa de “Joe Genocida”, parece estar ferrado. Candidato à reeleição, atrás de Donald Trump nas pesquisas de intenção de voto, só tem a perder com a guerra insana movida por Israel contra o Hamas.
A pretexto de varrer da face da terra o grupo de cerca de 40 mil combatentes que governa a Faixa de Gaza, Israel já matou mais de 36 mil palestinos, mulheres e crianças em sua maioria, fora os soterrados até hoje nos escombros das cidades destruídas por bombardeios a esmo.
Para isso, Israel vale-se de armas fornecidas pelos Estados Unidos, embora uma lei americana proíba seu uso no caso de matanças que não se justificam aos olhos do Direito Internacional. Na semana passada, foi descoberta uma vala com mais de 200 corpos de palestinos.
De acordo com evidências recolhidas pela ONU, não foram mortos em combate, mas simplesmente executados. Todos ou quase todos estavam com as mãos amarradas às costas, e muitos haviam sido mortos com um tiro na cabeça. Foi grande a gritaria no mundo, mas já passou.
Até Biden, um aliado incondicional de Israel, protestou. Mas depois disso, o que ele fez? Pediu que o governo de Israel investigasse o que aconteceu. E quando cobrado para que a apuração fosse feita por uma comissão independente, respondeu que confiava em Israel, e ponto.
Quer dizer: o principal suspeito de um crime investigará a autoria do crime que nega de antemão ter cometido. Tem sido assim desde a criação do Estado de Israel, em 1948, em terras que pertenciam aos palestinos. Os Estados Unidos protegem Israel mesmo à custa da sua reputação.
Protegem à custa do desrespeito às suas próprias leis. É princípio sagrado da Constituição americana o direito à livre manifestação de pensamento, mas o que se vê nas universidades? Estudantes estão sendo presos por se manifestarem a favor dos palestinos.
O número já passa de mil, e só faz crescer. Muitos deles poderão ser expulsos. As reitorias das principais universidades americanas chamam a polícia para desmontar acampamentos pacíficos. Com mais ou com menos violência, a polícia atende aos chamados e faz o serviço.
Isso não é de hoje. Em 1968, no auge da guerra do Vietnã, quando foi a vez de os Estados Unidos matarem indiscriminadamente um povo pobre que lutava por sua independência, estudantes americanos ocuparam os campus e prédios dessas mesmas universidades.
A polícia foi convocada para “restabelecer a ordem”, às favas todos os escrúpulos se a liberdade de expressão é reprimida no país que se oferece ao mundo como modelo de democracia. A convenção do Partido Democrata daquele ano também foi marcada pela estupidez.
Milhares de estudantes deslocaram-se dos seus Estados para Chicago e acamparam em um parque da cidade. Removidos dali pela polícia às ordens de um prefeito Democrata, tentaram invadir o local da convenção. O presidente eleito no fim do ano foi Richard Nixon, um Republicano.
O fantasma da Convenção Democrata de 1968 volta a assombrar o partido que daqui a alguns meses indicará Biden como seu candidato às eleições de novembro próximo. O Vietnã está em paz, mas o Oriente Médio, não. Não há sinais de que a guerra, ali, cessará tão cedo.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reuniu-se anteontem com famílias dos reféns em poder do Hamas e afirmou que irá em frente no seu propósito de exterminar o que classifica de bando de terroristas, não importa que mais reféns possam ser mortos. É sua missão.
Não há saída para o governo de extrema direita de Netanyahu: se a guerra acabar apenas por meio de negociações, e sem que ele tenha alcançado seus objetivos, o governo dará lugar a outro, ligeiramente menos radical. E Netanyahu terá que prestar contas à Justiça.
Embora também encrencado com a Justiça do seu país, Trump ri à toa da situação enfrentada por Biden. Trump jogou mais lenha na fogueira que poderá torrar Biden ao elogiar a polícia e aconselhar os reitores de universidades a serem “mais duros” com os estudantes.
Chamou os estudantes de “lunáticos furiosos” e, sem apresentar provas, acusou-os de terem sido contratados por grupos liberais para desviar a atenção da onda de migrantes na fronteira. Se eleito, Trump promete atropelar as leis e usar as Forças Armadas contra os migrantes.
E assim caminha a humanidade, ou parte dela que se diz a mais civilizada.