Janja x Michelle em 2026. Ou as duas contra Marina e Simone Tebet
Só quando o Carnaval passar
atualizado
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No país do Carnaval, o recesso de fim de ano dos três Poderes só termina, na prática, depois da quarta-feira de cinzas. Este ano foi diferente porque um novo governo tomou posse, e os partidários do anterior tentaram dar um golpe amador.
A escassez de notícias relevantes diminui. Então, brotam com exuberância as flores do recesso – a discussão de fatos que, na maioria das vezes, não são fatos; que desaparecem quando fatos de verdade vierem a se impor depois do Carnaval.
No momento, quer flor do recesso mais atraente do que a possibilidade de Janja, mulher de Lula, enfrentar Michelle, mulher de Bolsonaro, na eleição presidencial daqui a quatro anos? E se Marina Silva e Simone Tebet decidirem concorrer, hein?
Quem, fora nós, jornalistas, se interessa por isso com tanta antecedência? O interesse público, por enquanto, é nenhum. Mas Janja entra na Casa Branca de mãos dadas com Joe Biden, participa de reuniões com ministros e palpita à vontade.
Dizem que poderá até aparecer no desfile das escolas de samba na Sapucaí. O mais provável é que fique ao lado do marido, que pretende descansar na base da Marinha, na Bahia. A não ser que ele desembarque na passarela do samba. Tudo é possível.
Atenção! Michelle assumiu a presidência do setor feminino do PL de Valdemar Costa Neto. É o partido de Bolsonaro. Michelle tem ambições políticas – ela nega, mas todos insistem que tem. Se o marido for impedido de se candidatar, por que não ela?
Aí vem a tentadora comparação de Janja e de Michelle com Evita Perón, mulher do ex-ditador Juan Domingo Perón. Evita foi endeusada como a mãe dos pobres. Um câncer a matou no auge do poder. Perón governou a Argentina três vezes, sendo deposto duas.
Da terceira vez, Isabelita, sua nova mulher, se elegeu vice-presidente. Perón morreu sem completar o mandato. Isabelita o sucedeu, mas um golpe militar a derrubou. O que Janja e Michelle têm a ver com isso? Só por que são mulheres? Bela flor do recesso!
Somos jardineiros aplicados, embora nem sempre bem-sucedidos. O golpe de 8 de janeiro não foi uma flor, muito menos bela. Ainda dará muito o que falar. Sua verdadeira história está por ser escrita. Flávio Dino, ministro da Justiça, sabe, mas não quer contar.