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Israel x Hamas, uma guerra que poderá durar meses ou anos

Vidas pouco importam. A futura reconstrução de Gaza dará origem a grandes negócios

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Abed Rahim Khatib/Anadolu via Getty Images
Ataque de Israel à Faixa de Gaza depois do cessar-fogo ONU
1 de 1 Ataque de Israel à Faixa de Gaza depois do cessar-fogo ONU - Foto: Abed Rahim Khatib/Anadolu via Getty Images

Se depender do governo de Israel que sabe que cairá tão logo as armas silenciem, sua guerra contra o Hamas não terminará tão cedo.  Na véspera do Natal, em visita às suas tropas ocupadas em destruir o que resta de Gaza, e que é pouco, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, disse que Israel irá prosseguir até alcançar a “vitória completa” sobre o Hamas:

“Não está perto do fim. Não vamos parar. A guerra continuará até o fim, até que terminemos, nada menos”.

Na terça-feira (26), em fala no Parlamento, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou tratar-se de “uma guerra longa e dura” que poderá durar “meses ou anos”. Uma guerra “em múltiplas frentes”. Segundo ele, Israel está sob ataque em sete teatros: Gaza, Líbano , Síria, Judéia e Samaria [um termo israelita para a Cisjordânia], Iraque, Iêmen e Irã.

A guerra de retaliação de Israel na Faixa de Gaza já se tornou um dos conflitos mais destrutivos do século XXI. Estimativas sugerem que mais de 20.600 pessoas foram mortas, 55.000 feridas e 85% dos habitantes do território palestino forçados a fugir de suas casas; um território de apenas 41 km de cumprimento por 12 km de largura.

Um total de 241 pessoas morreram e 382 ficaram feridas nas últimas 24 horas, informou o Ministério da Saúde de Gaza na tarde de terça-feira. O ministério não faz distinção entre vítimas civis e combatentes, mas calcula que cerca de 70% do número de vítimas seja de mulheres e crianças.O escritório de direitos humanos da ONU disse em um comunicado:

“Estamos seriamente preocupados com o contínuo bombardeio do centro de Gaza pelas forças israelenses, que ceifou a vida de mais de 100 palestinos desde a véspera de Natal”.

Gaza e a Cisjordânia sediam 68 campos de refugiados, a maioria dos quais foram criados para albergar palestinos que fugiram das suas casas após a criação de Israel em 1948. Hoje, estão superlotados. Poucos serviços funcionam, apenas 9 dos 36 hospitais. Um quarto da população de Gaza passa fome, segundo a última estimativa da ONU.

As linhas telefônicas e de internet pareciam ter sido bloqueadas na tarde de terça-feira, com o principal fornecedor de telecomunicações de Gaza, PalTel, a anunciar outra “interrupção completa do serviço”. Tais interrupções são agora frequentes, especialmente antes de operações militares israelenses de grande porte.

Em artigo no jornal israelense Haaretz, o major-general reformado Yitzhak Brik escreveu que a retórica de vitória de Israel está longe de corresponder à verdade:

“O porta-voz das Forças de Defesa de Israel e os analistas militares na televisão apresentam uma imagem falsa da guerra. O número de membros do Hamas mortos no terreno é muito mais baixo, a maior parte da guerra não está sendo travada diretamente, a maioria dos nossos mortos e feridos foram atingidos por bombas e mísseis antitanque”.

Desde já, empresários amigos do atual governo de Israel já se movimentam atrás de contratos milionários para a futura reconstrução de Gaza. Quanto mais a cidade for reduzida a pó, como está sendo, mais cara custará sua reconstrução. Nada de pessoal contra os palestinos, longe disso. Apenas negócios são negócios. O ano novo promete.

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