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Israel quer manter o direito de matar de fome os palestinos em Gaza

Há o terrorismo de grupos, mas também o terrorismo de Estado

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Daily life in Gaza amid the ongoing Israeli attacks
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Nos cinco primeiros dias da operação, nenhum dos alimentos e suprimentos que entraram na Faixa de Gaza por meio de um cais artificial construído pelos Estados Unidos foi distribuído aos palestinos por organizações de ajuda – algo como 569 toneladas, disse, ontem, o general Patrick S. Ryder, porta-voz do Pentágono.

No último sábado (27/5), multidões famintas saquearam vários caminhões do Programa Alimentar Mundial que transportavam ajuda com destino ao cais, o que levou à suspensão das entregas no domingo e na segunda-feira. Devido à falta de suprimentos e à insegurança, a ONU deixou de alimentar os palestinos em Rafah.

A ONU alertou que o projeto do cais, no valor de US$ 320 milhões, pode tornar-se inútil a menos que Israel forneça condições de que os grupos humanitários precisam para operar com segurança. Israel continua a usar a fome como arma de guerra. A fome já foi usada como arma de guerra pelos nazistas contra os judeus.

Cerca de 800 mil palestinos, que se deslocaram de Gaza, no Norte da Faixa, para Rafah, no Sul, a mando de Israel no início da guerra, permanecem na cidade debaixo de tendas. Primeiro, Israel bombardeou Gaza até quase destruí-la por completo. Agora, bombardeia Rafah. Os palestinos não têm para onde correr.

A fome como arma de guerra é um crime contra a humanidade reconhecido em todos os tratados internacionais. Por isso, Karim Khan, o promotor-chefe do Tribunal Penal Internacional, pediu a prisão do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, do seu ministro da Defesa e de três líderes do Hamas.

Os Estados Unidos e países europeus criticaram duramente o pedido do promotor, mas só no caso dos israelenses que ele quer prender, não no caso dos líderes do Hamas. Disseram que os israelenses, eleitos democraticamente, não podem ser simplesmente equiparados a terroristas que não foram eleitos.

Os líderes do Hamas foram eleitos pelos palestinos em 1995, mas Israel finge esquecer isso. Nos últimos 20 anos, pelo menos, Israel financiou o grupo Hamas acreditando que assim o teria como aliado. Surpreendeu-se quando o Hamas, em 7 de outubro do ano passado, invadiu o seu território sem aviso prévio. Israel não avisa seus inimigos antes de atacá-los.

O promotor alega que está equiparando as vítimas, não os algozes. O Hamas matou e sequestrou israelenses civis e inocentes – pouco mais de 1.200, segundo Israel. Mas Israel, até aqui, já matou 35 mil palestinos civis e inocentes, segundo o Hamas, e não quer parar de matá-los apesar das pressões que sofre para isso.

No ano passado, as Forças Armadas do ditador do Azerbaijão, Ilham Aliyev, mataram 100 mil armênios. Foi uma limpeza étnica. A comunidade internacional nada disse a respeito. Israel promove uma limpeza étnica na Faixa de Gaza que não é chamada por esse nome. Ontem, um porta-voz do governo de Israel, Tal Heinrich, declarou:

“Apelamos às nações do mundo civilizado e livre – nações que desprezam os terroristas e qualquer pessoa que os apoie – a apoiarem Israel. Oponham-se à decisão do [promotor] e declarem que, mesmo que sejam emitidos mandados de prisão, eles não serão executados. Porque é sobre a nossa sobrevivência.”

A resposta de Netanyahu foi repleta de evasivas. Ele chamou as acusações do promotor de “uma tentativa de negar a Israel o direito básico de autodefesa”. Ora, o promotor reconhece o direito de Israel defender-se – o que está em discussão é como. A vida de um israelense inocente é igual à vida de um palestino inocente. Ou não é?

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