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Israel caiu na armadilha do Hamas. Falta os Estados Unidos caírem

Sobe a temperatura no Oriente Médio

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É sobre petróleo a viagem do presidente americano, Joe Biden, a Israel. Ou melhor: era, até que um míssil de origem incerta matou mais de 500 palestinos abrigados no maior hospital de Gaza – uns doentes e feridos, outros em busca de proteção.

Se hospital não é lugar a salvo de bombas durante uma guerra, escola também não é, igrejas e mesquitas tampouco, onde os civis de Gaza, sob intenso fogo de Israel há mais de 10 dias, poderão sentir-se relativamente seguros? Pelo jeito, em lugar algum.

O Ministério da Saúde de Gaza disse que o míssil foi lançado pelas Forças de Defesa de Israel. O governo de Israel negou: o míssil teria sido lançado pela Jihad Islâmica, grupo radical que apoia o Hamas. A Jihad negou. Por que, diabos, atacaria um aliado?

Para Daniel C. Kurtzer, ex-embaixador dos Estados Unidos em Israel e que agora leciona na Universidade de Princeton, a explosão em Gaza colocou Biden numa posição desconfortável:

“Biden está caminhando para uma situação ainda mais catastrófica do que esperava. Palestinos e árabes não vão acreditar que a tragédia do hospital não é obra de Israel, e a percepção torna-se realidade”.

Kurtzer aposta que a conversa entre Biden e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, agora se tornará mais desafiadora:

“A mensagem de Biden tem que ser muito simples: ‘Na semana passada, vocês estavam no foco, agora vocês são o foco negativo’”.

No 7 de outubro, o Hamas invadiu Israel, matou 1.300 israelenses e sequestrou entre 200 e 250, escondendo-os em Gaza. À entrada do 12º dia de guerra, Israel está sendo obrigado a defender-se da acusação de que disparou um míssil contra um hospital.

Mas não só. É acusado de bombardear milhares de palestinos do Norte de Gaza que, em atendimento à sua ordem, se deslocaram para o Sul do enclave. Israel quer despovoar o Norte para por ali entrar em Gaza. Os deslocados não encontraram paz no Sul.

Israel é acusado de não permitir ajuda humanitária a Gaza, onde o estoque de comida e de remédios está no fim, as usinas que produzem energia já não funcionam, e, por falta de água para beber, as pessoas começam a desidratar, segundo a ONU.

Israel caiu na armadilha do Hamas, que esperava uma retaliação monstruosa capaz de chocar o mundo e de virar a opinião pública a favor dos palestinos. É isso o que acontece, e é por isso que a viagem de Biden mudou de natureza antes mesmo do embarque.

Israel e Gaza não são produtores de petróleo, mas o Irã é o oitavo maior do mundo e controla o Estreito de Ormuz. É por ali que passa um terço das exportações de petróleo do mundo, incluindo as da Arábia Saudita, das quais os Estados Unidos dependem.

Uma vez que visitou secretamente Kiev em meio à guerra com a Rússia, não tinha como Biden não viajar a Israel, o maior parceiro do seu país no Oriente Médio. Biden é candidato à reeleição, e a maior colônia judaica fica nos Estados Unidos.

O voto judeu não decide eleição americana, mas o poder econômico judeu alavanca qualquer candidato. Se a situação no Oriente Médio se agravar para além da conta, como é provável, o preço do barril de petróleo poderá saltar de US$ 90 para US$ 150.

Uma nova escalada no preço do óleo e o seu impacto inflacionário causariam sérios danos à candidatura de Biden. Se antes seu diálogo com Netanyahu seria ameno, uma conversa entre velhos parceiros, agora será de cobrança depois do ataque ao hospital de Gaza.

Biden se reuniria com o rei da Jordânia e o presidente da Autoridade Palestina para convencê-los a ajudar Israel nas negociações com o Hamas em torno da devolução dos israelenses mantidos em cativeiros. O rei e o presidente cancelaram a reunião.

A ira dos países árabes com Israel poderá se voltar contra os Estados Unidos se Biden não demover Netanyahu da ideia de asfixiar Gaza por meio de bombardeios e de uma invasão por terra. Então, Biden também terá caído na armadilha do Hamas.

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