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Israel bloqueia a entrega de ajuda humanitária aos palestinos em Gaza

Além de bombas, eles morrem de fome, de sede e de doenças à falta de remédios

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Fadel Itani/NurPhoto via Getty Images
Visão da destruição como resultado do ataque do exército israelense à cidade de Khan Younis, no sul de Gaza
1 de 1 Visão da destruição como resultado do ataque do exército israelense à cidade de Khan Younis, no sul de Gaza - Foto: Fadel Itani/NurPhoto via Getty Images

Faz um mês que o governo dos Estados Unidos ameaçou com sanções o governo de Israel se não houvesse um aumento nos suprimentos destinados aos palestinos que tentam sobreviver na devastada Faixa de Gaza, alvo de bombardeios quase diários.

O governo de Israel não ligou. A quantidade de ajuda que chega a Gaza caiu para o menor nível desde dezembro, mostram números oficiais israelenses. Nos últimos 30 dias, apenas 8.805 toneladas de alimentos entraram no território palestino. É dieta de fome.

Autoridades humanitárias em Gaza descrevem como “apocalíptica” a situação em grande parte do território, onde mais de 80% da população de 2,3 milhões de pessoas foi deslocada e mais de dois terços dos edifícios destruídos em 13 meses de guerra.

“Os pequenos mercados de rua desapareceram. Há um pouco de farinha e detergente, um quilo de tomate custa quase US$ 20. Mesmo se você tiver dinheiro, não há nada para comprar. Todo mundo está passando fome de novo”, diz um funcionário da ONU.

Israel impôs um bloqueio total de Gaza no início da guerra, antes de aliviar as restrições sob pressão internacional. As entregas de ajuda atingiram o pico em maio, quando 117.000 toneladas de alimentos entraram em Gaza em mais de 6.000 caminhões.

Estatísticas da autoridade militar israelense encarregada de coordenar a ajuda humanitária mostram que apenas 25.155 toneladas de ajuda alimentar entraram em Gaza em outubro, menos do que em qualquer mês inteiro desde dezembro de 2023.

Em outubro, em média, 57 caminhões por dia foram autorizados a cruzar para Gaza, bem abaixo dos 350 caminhões por dia exigidos pelos Estados Unidos e dos 600 por dia que as agências de ajuda dizem ser necessários para atender às necessidades básicas.

Fontes do governo de Israel rejeitam a acusação de que a ajuda é deliberadamente restrita e acusam agências humanitárias de não organizarem sua distribuição. Por que elas não haveriam de organizar se essa é sua missão e se são elas que reclamam?

As agências humanitárias também sofrem com a escassez de motoristas, equipamentos de comunicação e de proteção. Desde maio, apenas um décimo de mais de 300 pedidos para contratar motoristas avulsos individuais foi atendido por Israel.

A coordenação com as autoridades militares israelenses também é trabalhosa e demorada, e muitos pedidos de comboios são recusados. Em outubro, as autoridades israelenses negaram ou impediram diretamente 58% dos movimentos de ajuda.

A ilegalidade levou ao saque sistemático de cerca de um terço de toda a ajuda destinada a Gaza, segundo a ONU. Parte foi tomada pelo Hamas, que mantém alguma influência em grande parte do território, mas a maioria foi roubada por gangues para revenda.

O “Haaretz”, o mais importante jornal de Israel, escreveu em editorial que o Exército do seu país promove “uma operação de limpeza étnica no Norte da Faixa de Gaza”. E denunciou:

– Os poucos palestinos no local estão a ser levados à força; foram destruídas casas e infraestruturas e há estradas largas a ser construídas para completar a separação das comunidades do norte das comunidades do centro da cidade de Gaza.

A poucos meses do fim, o governo do presidente Joe Biden pouco fará para deter a morte dos palestinos por bombas, fome e doenças. Em janeiro, ao suceder a Biden, Donald Trump terá mais o que fazer do que se preocupar com a sorte de um povo miserável.

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